Ainda que a truculência fosse uma característica do grupo, no começo, eles se propuseram a fazer tudo aquilo que o Estado não estava fazendo
Há anos, a milícia é um dos três grandes poderes que comandam as favelas e periferias do Rio de Janeiro. Em constante embate contra o Estado e traficantes, o grupo criminoso manda e desmanda nas comunidades que controla.
Formadas por agentes de segurança fora de serviço, ou ainda na ativa — como policiais, bombeiros, guardas municipais, militares e vigilantes —, as milícias nasceram na década de 1970. E tudo começou com o intuito de proteger as pessoas e combater o narcotráfico.
Em 1979, um dos primeiros casos de milícias foi registrado na favela de Rio das Pedras, em Jacarepaguá. E a ideia sempre foi essa: cuidar da população, coisa que o Estado não estava fazendo. Uma vez estabelecidos, então, os grupos passaram a competir contra as facções criminosas.
Em dezembro de 2007, por exemplo, os milicianos controlavam 92 das mais de 300 favelas do Rio de Janeiro. Relatórios sobre a rápida expansão caracterizavam a milícia como uma segurança alternativa, que livraria as comunidades da dominação do tráfico.
Por muito tempo, através do controle armado, a milícia fornecia diversos serviços aos moradores das favelas, além da proteção. Exatamente por isso, o grupo tinha o apoio da população e conseguia eleger membros e líderes da milícia para cargos políticos.
No entanto, com o passar dos anos, a truculência entrou na equação e as coisas começaram a se complicar. As milícias tomaram conta das comunidades com violência e passaram a cobrar pagamentos semanais, em troca da proteção que sua presença infligia.
A milícia, então, só fez crescer. Ao final de 2010, os grupos já dominavam 41,5% das mais de mil favelas cariocas. Os limites do estado, entretanto, não significavam nada para os milicianos. Em 2016, eles já tinham expandido seus trabalhos para outros estados, como Pará, São Paulo, Bahia, Ceará e Mato Grosso do Sul.
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