Durante a Segunda Guerra, o terno zoot passou a ser visto como símbolo de "marginais", que eram perseguidos e humilhados
Em junho de 1943, um tumulto tomou conta das ruas de Los Angeles, na Califórnia. Por mais de uma semana, policiais e marinheiros brancos, aos gritos, espancavam e arrancavam as roupas de adolescentes e jovens, a maioria negros e latinos.
Eram os zoot suits, “ternos zoot”, não muito claro de onde veio o segundo termo. Os trajes eram largos e confeccionados com muito material. Com ombros enormes, os paletós batiam no joelho.
As calças eram extremamente largas e compridas. A “antimoda” não começou com os latinos que viviam nos EUA. Os zoots nasceram com as comunidades afro-americanas do Harlem, Chicago ou Detroit.
Nos anos 40, se tornaram populares entre os músicos de jazz. A roupa, por exemplo, era a marca registrada do ícone Cab Calloway em suas apresentações. Mas, quando os latino-americanos da Califórnia adotaram o visual, a polêmica ganharia vida.
Diante do racionamento de tecido imposto durante a Segunda Guerra, essa extravagância era considerada um ato de grave falta de patriotismo. Mas esse não foi o único motivo que iniciou as Revoltas do Terno Zoot.
Em 1942, um crime tomou conta da mídia. No dia 2 de agosto, o corpo de José Gallardo Díaz foi encontrado numa estrada próxima a um reservatório da cidade. O local era ponto de encontro de mexicanos-americanos.
A imprensa responsabilizou 17 jovens pela morte de José durante uma briga de gangues. (Embora a causa da morte permaneça um mistério, a autópsia apontou que Díaz estava embriagado e provavelmente teria se envolvido num acidente que resultou em traumatismo craniano.)
O terno zoot passou a ser visto como símbolo de “marginais”. Lançada a histeria, as autoridades marchavam nas ruas invadindo bares e cinemas em busca dos “arruaceiros”. As roupas eram queimadas e seus donos, humilhados.
A revolta se espalhou para Detroit, levando à pior revolta racial da cidade, com 34 mortes. Até a primeira-dama, Eleanor Roosevelt, se pronunciou, acusando a revolta de ser racial, não pela roupa.
Acalmados os ânimos, a história foi parar em Tom e Jerry. O curta Zoot Cat (“Gato Zoot”), apresenta uma paródia (racista) da moda.