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Matérias / Voo IC 814

Voo IC 814 Sequestro a Bordo: Conheça o piloto da vida real

Em dezembro de 1999, o capitão Devi Sharan virou herói em um dos maiores e mais tensos sequestros de avião da Índia

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 30/08/2024, às 13h20 - Atualizado em 31/08/2024, às 10h01

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Devi Sharan em 'Voo IC 814: Sequestro a Bordo' e na vida real - Divulgação/Netflix / Reprodução/Vídeo/YouTube/@BrutIndia
Devi Sharan em 'Voo IC 814: Sequestro a Bordo' e na vida real - Divulgação/Netflix / Reprodução/Vídeo/YouTube/@BrutIndia

Nesta semana, chegou à Netflix a nova minissérie documental 'Voo IC 814: Sequestro a Bordo', que relata os eventos reais em torno de um dos episódios mais alarmantes da Índia: o sequestro do Voo Indian Airlines 814 em dezembro de 1999, que ficou marcado como a mais longa apreensão de aeronave da história da aviação da Índia.

Nos episódios, o público acompanha a crise a partir da perspectiva dos passageiros a bordo, a crise política em torno do caso e a longa burocracia para tentar encontrar uma solução. "Depois que o voo IC 814 é sequestrado no caminho para Nova Deli, na Índia, centenas de vida estão em jogo durante a crise mais longa e grave da aviação indiana", explica a sinopse da Netflix.

A minissérie, que conta com apenas 6 episódios, se trata de uma adaptação do livro 'Flight Into Fear: The Captain's Story', escrito por Devi Sharan. Este, por sua vez, não só é um personagem representado, como também uma figura central em todo o turbulento caso: ele é o piloto responsável pela aeronave durante os oito dias do sequestro.

"Quando conheci o capitão... fiquei encantado com seu sorriso agradável e sua simplicidade... Foi uma grande honra retratar o Capitão Devi Sharan na tela" publicou o ator Vijay Varma, que o interpreta no filme, através do Instagram.

"Seus esforços para salvar vidas em meio ao caos e ao pavor são verdadeiramente inspiradores! Uma história de resiliência e honra... de pensamento crítico e dever... de paciência e esperança e, acima de tudo... bravura. Nós o saudamos, capitão", continuou o artista; 

Conheça mais sobre o verdadeiro capitão Devi Sharan e sua atuação no momento do sequestro:

+ Voo IC 814 Sequestro a Bordo: Veja a história real por trás da série;

Surpresa aérea

Era 24 de dezembro de 1999, às vésperas da virada do milênio, quando o voo Indian Airlines 814 deixou o Aeroporto Internacional Tribhuvan, em Katmandu, no Nepal, em direção a Nova Delhi, na Índia. Devi Sharan, o piloto responsável pela aeronave, levava a bordo recém-casados, turistas e empresários, e estava ansioso para, finalmente, sair de férias e passar aquele final de ano com sua família. No entanto, tudo mudou rapidamente. 

Entre os passageiros, despontaram cinco homens mascarados que, no avião, anunciaram o sequestro. Inicialmente, eles queriam que Sharan desviasse o percurso para pousar no Paquistão — o que não foi possível de imediato, pois, a aeronave não conseguiu permissão para pousar naquele território.

Ao todo, o IC 814 transportava 188 pessoas, incluindo sua tripulação, segundo o portal First Point. E a responsabilidade por todas aquelas vidas tornou o drama ainda maior.

Cena de 'Voo IC 814: Sequestro a Bordo' / Crédito: Divulgação/Netflix

Conforme ele mesmo relatou em seu livro, o momento que considerou mais assustador  foi quando o Controle de Tráfego Aéreo de Laore recusou seu pedido de pouso de emergência, desligando todas as luzes do aeroporto, enquanto a aeronave tinha cada vez menos combustível.

Felizmente, o piloto conseguiu pousar em Amritsar, na Índia, com combustível que lhe permitiria apenas mais 10 minutos de voo. Lá, o avião foi reabastecido e, em pouco mais de meia hora, decolou mais uma vez com os sequestradores — que já tinham até mesmo selecionado reféns para matar, caso as ordens não fossem acatadas.

Em entrevista ao New York Times, repercutida pelo Indian Express, o piloto descreveu o clima dentro do avião. Ele até mesmo contou piadas para os sequestradores. 

"Eu só queria aproveitar ao máximo aquele tempo, para que ninguém ficasse nervoso e pensasse que o mundo acabou agora", afirmou ele, que revelou que um sequestrador chamado Burger "conquistou os corações das pessoas" cantando músicas com os passageiros e falando sobre "companheirismo". "Sempre que os sequestradores riam, nós ríamos. Sempre que eles ficavam tensos, nós ficávamos tensos", afirmou ele.

Vidas em jogo

Eventualmente, Sharan conseguiu pousar na Base Aérea de Al Minhad, nos Emirados Árabes Unidos, onde os sequestradores libertaram 27 dos passageiros a bordo. Infelizmente, também saiu do avião o corpo de um homem de 25 anos, esfaqueado pelos terroristas em meio ao alvoroço.

Devi Sharan, porém, precisou manter a calma, afinal, sabia que ainda havia muitas vidas em risco. E isso não se resolveria enquanto os sequestradores não conseguissem alcançar seu único objetivo: a libertação de outros terroristas do grupo Harkat-ul-Mujahideen (HuM), uma organização extremista islâmica do Paquistão.

No fim, o caso favoreceu os terroristas, que conseguiram não só a libertação de três figuras notórias do HuM, como ainda uma fuga de sucesso ao Paquistão. Até hoje, o episódio é lembrado como um grande "fracasso diplomático" — nas palavras do ex-chefe do Bureau de Inteligência da Índia, AK Doval, que liderou a equipe de negociação —, mas que pelo menos evitou uma tragédia maior graças às ações de Devi Sharan.

Devi Sharan durante entrevista a uma emissora indiana / Crédito: Reprodução/Vídeo/YouTube/@news18India

Adaptações

Após o sequestro, o capitão Devi Sharan contou sua versão da história no livro 'Flight Into Fear', que também captura o coração das negociações. Agora, o caso também pode ser conhecido profundamente com a nova produção da Netflix, 'Voo IC 814: Sequestro a Bordo', disponível na plataforma desde a última quinta-feira, 29 de agosto.