A relação entre Elisabeth da Áustria e a arquiduquesa Sophie, sua sogra, é uma das mais marcantes da história da corte imperial austríaca
A relação entre Elisabeth da Áustria – mais conhecida como Sissi – e a arquiduquesa Sophie, sua sogra, é uma das mais marcantes e conflitantes da história da corte imperial austríaca. Na série “A Imperatriz”, da Netflix, a relação entre elas é retratada de forma intensa e dramática.
Conforme Paulo Rezzutti, autor da biografia "Sissi E o Último Brilho de uma Dinastia", a relação entre Sissi e Sophie foi, de fato, marcada por tensões e atritos, semelhante aos que a trama explora. No entanto, vale destacar que a produção da Netflix mergulha na ficção.
"A gente tem que encarar a série 'A Imperatriz' como uma ficção que utilizou nomes e personagens reais. Boa parte da história é completamente ficcional, tem muita liberdade criativa", explica Paulo.
Sophie, uma mulher profundamente conservadora, tinha um olhar crítico sobre a jovem imperatriz, acreditando que Elisabeth não possuía a formação necessária para viver no rigoroso ambiente da corte imperial.
Ela não via a Sissi como uma pessoa criada para um ambiente de uma corte imperial. As duas batiam de frente de vez em quando", explica Rezutti ao Aventuras na História.
Conforme conta a historiadora María Pilar Queralt del Hierro em "A sombra de Sissi: a trágica história de uma família amaldiçoada", Sophie teve um papel crucial na interferência nos assuntos pessoais de Elisabeth – incluindo a forma de criar os filhos.
Pouco após o casamento com Franz Joseph, quando a imperatriz deu à luz sua primeira filha, a arquiduquesa insistiu que a criança levasse seu nome e assumiu os cuidados da bebê, alegando que a mãe era jovem demais para tal responsabilidade.
Quando a imperatriz teve sua segunda filha, Gisela, Sophie tentou novamente tomar o controle, mas dessa vez Sissi se opôs, transferindo a filha para seus próprios aposentos. No entanto, sua vitória foi breve.
Em 1857, sua filha Sophie morreu de disenteria durante uma viagem à Hungria, o que mergulhou Sissi em uma profunda depressão. Esse luto a fez renunciar ao cuidado de Gisela, permitindo que sua sogra assumisse novamente essa responsabilidade.
Mesmo o nascimento de seu filho Rudolf no ano seguinte não conseguiu mitigar sua tristeza. A dor da perda continuava presente, e Sissi se afastava cada vez mais das responsabilidades maternas e de seu papel como imperatriz.
Sophie também foi responsável por escolher cada membro da equipe de Elisabeth, composta principalmente por mulheres de meia-idade. Polly Cone conta no livro “Estilo Imperial: Modas da Era dos Habsburgos” que a adolescente "não conhecia e não podia confiar em nenhuma delas", já que todas relatavam tudo o que ela dizia e fazia para a sogra, deixando-a isolada e solitária.
Sissi também não tinha muito tempo a sós com o marido. No livro “A Imperatriz Relutante”, Brigitte Hamann relembra o controle rígido da sogra sobre o casal. Por exemplo, Sissi e Franz costumavam passear sozinhos pelos corredores do palácio até o Burgtheater, uma área mais tranquila. Quando Sophie descobriu, ela proibiu a prática.
A partir de então, os dois precisaram ser escoltados por funcionários da corte. “Os conflitos com a ‘imperatriz secreta’, a arquiduquesa Sophie, geralmente giravam, na opinião de Sissi, em trivialidades, e a magoavam ainda mais por serem tão triviais”, escreve Hamann.