Professor de Literatura explica o grande sucesso da obra de Gabriel Garcia Marquez, que agora inspira nova série da Netflix
A premiada obra “Cem Anos de Solidão”, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, em breve sairá das páginas dos livros para ganhar som e movimento nas telas de TV. Em dezembro, estreia a primeira parte da adaptação realizada pelo streaming Netflix, que retrata a cidade de Macondo e a trajetória dos Buendía e sua longa linhagem.
O professor de Literatura e Língua Portuguesa do Colégio Marista Santa Maria, Vinicius Lima Figueiredo, destaca que o sucesso do livro, lançado em 1967, deve alcançar um público ainda maior em sua adaptação.
"Márquez é considerado o pai do estilo realismo mágico e sua leitura da realidade sul-americana, com elementos fantásticos, lendas e mitos misturados ao calor do povo, faz com que a história permaneça atual ainda hoje", avalia.
Confira 10 curiosidades a respeito da obra “Cem Anos de Solidão” para aproveitar ainda mais o seriado.
O romance é um dos maiores símbolos do realismo mágico, senão o primeiro, que mistura o real com o fantástico. O autor explora aspectos sobrenaturais e os adiciona aos personagens como se fossem características comuns, tornando a história ainda mais cativante.
Guerras, guerrilhas, ditadores, exploração da terra, falta de recursos materiais, abundância de recursos naturais tropicais são alguns dos assuntos que servem como pano de fundo para a trama dos Buendía em Macondo. Apesar de se tratar de ficção, é fácil notar semelhanças entre a obra e a América Latina das décadas de 1960 e 1970.
O escritor teve uma enorme contribuição para a literatura latino-América com o lançamento de “Cem Anos de Solidão”, chamando a atenção mundial para o continente. Em 1982 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura pelo conjunto de sua obra.
García Márquez se autoexilou no México para se afastar da situação política da Colômbia na época. Em meio a dificuldades financeiras, escreveu o livro em 18 meses.
Apesar de ser rejeitada por diversas editoras em um primeiro momento, ao ser publicada em 1967, a obra logo caiu no gosto do público, que comprou cerca de oito mil cópias já na primeira semana.
A fictícia Macondo não existe fora das páginas da obra premiada e foi inspirada na cidade natal de Márquez, Arataca, na Colômbia. As descrições são fruto das memórias da infância do autor.
A trama gira em torno da família Buendía, sua árvore genealógica e da maldição que prevê que duas pessoas da mesma família não devem ter filhos juntas. Esse fato levaria a família a ciclos repetidos de conflitos, deformações genéticas e muita solidão.
Apesar de retratar uma cidade fictícia e uma realidade fantástica, Márquez constrói um retrato político e social da Colômbia e da América Latina, incluindo temas como guerras civis, isolamento cultural e exploração estrangeira das terras e riquezas naturais.
O audacioso projeto da adaptação audiovisual de “Cem Anos de Solidão” foi gravado na Colômbia, em espanhol, com o apoio da família do autor. Os diretores Laura Mora e Alex García López também são colombianos.
O tom familiar da obra se deve muito às influências que Márquez adicionou na história. Seu avô era veterano da Guerra dos Mil Dias e suas histórias fizeram parte da infância do autor, assim como títulos clássicos como os contos de “Mil e uma noites” e “A Metamorfose”.
A primeira parte da adaptação da Netflix de 'Cem Anos de Solidão' será lançada no catálogo da plataforma no próximo dia 11.