Arqueólogos descobriram antigo assentamento pré-histórico e oficina de azulejos romanos completa em Córsega, na França; confira!
Publicado em 04/12/2024, às 13h30
Durante escavações prévias a um empreendimento imobiliário na costa leste de Córsega, próximo à lagoa Étang de Diane, na França, foi descoberto recentemente por arqueólogos do Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP) um antigo assentamento pré-histórico e uma impressionante oficina romana de produção de azulejos, de 1.900 anos.
A Córsega, vale mencionar, foi controlada pelos romanos a partir de 163 a.C., passadas diversas campanhas militares pela região. Foi sob o domínio romano, inclusive, que a economia da ilha prosperou, de forma que a língua falada pelos romanos influencia fortemente no dialeto corsa moderno.
Sobre os vestígios de ocupação humana mais antigos, as escavações, que começaram em julho, descobriram cerca de 50 estruturas referentes à Idade do Ferro, construídas em pedra e outros materiais perecíveis, como madeira.
Ali, foram encontrados restos de cerâmica locais, bem como cerâmicas etruscas importadas e ferramentas macrolíticas, como mós e rodas de moer grãos. Também havia poços cheios com restos de carvão, vasos quebrados e ferramentas, o que sugere atividade doméstica no local.
Esse assentamento, anterior à ocupação romana na região, se estende para além da área escavada, de forma que somente trabalhos arqueológicos posteriores podem ajudar a entender mais sobre os responsáveis pelo local.
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Por sua vez, ao sul do sítio pré-histórico, foi escavada uma antiga oficina de produção de azulejos romanos que, segundo comunicado da INRAP, exibe todos os estágios da produção.
Conforme repercute o Archaeology News, primeiro a argila era decantada em uma grande bacia feita de azulejos, com diâmetro de pouco mais de 4 metros, e, após processada, era moldada e queimada em um forno com uma câmara de aquecimento de abóbada dupla. Esse forno, por sua vez, estava dentro de uma grande estrutura construída com seixos embutidos com argamassa de cal.
Próximo ao forno, também foi encontrado uma espécie de armazém, onde provavelmente os ladrilhos finalizados eram armazenados. Além das estruturas, também foram encontradas na área resíduos do forno e alguns ladrilhos mal cozidos, e uma pequena estrada que conecta a oficina a uma possível rede de transporte de mercadorias, o que reflete a presença industrial romana em Córsega.
Mas além da oficina, também foi encontrado nos arredores oito sepulturas, todas, exceto por uma, construídas com ladrilhos e pedras. A única diferente consistia em uma urna de cerâmica, que possivelmente contém os restos mortais incinerados de algum indivíduo; de qualquer forma, nenhum esqueleto resistiu ao tempo e ao solo ácido da região. Porém, bens funerários, vasos de cerâmica e balsamaria de vidro ainda resistiram ao tempo, permitindo a descoberta arqueológica moderna.
Agora, o foco da escavação é concluir as buscas no local ainda neste mês de dezembro, para que o desenvolvimento imobiliário seja concluído rapidamente. Já os materiais arqueológicos descobertos por ali, serão estudados somente a partir de 2025, a fim de determinar uma datação mais precisa dos túmulos e explorar o significado mais amplo do local na história romana.