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Matérias / Personagem

Robert Hooke, o Leonardo da Vinci inglês

Responsável por conhecimentos científicos importantes atualmente, esse polímata seria mais conhecido

André Nogueira Publicado em 18/11/2019, às 08h00

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Robert Hooke foi um dos mais relevantes pensadores de sua época, peça chave das Revoluções Científicas - Wikimedia Commons
Robert Hooke foi um dos mais relevantes pensadores de sua época, peça chave das Revoluções Científicas - Wikimedia Commons

Pense num homem de tamanha genialidade, mas baixíssima credibilidade, a ponto de ter sido odiado pessoalmente por Isaac Newton e, mesmo assim, ser chamado até hoje de Leonardo da Vinci inglês. É o caso de Robert Hooke, um polímata que chegou a trabalhar com física, arquitetura, astronomia, fisiologia, entre outras áreas.

Hoje, a imagem que conhecemos desse curioso indivíduo vem de um retrato feito em 2012 pela pintora Rita Greer, que realizou a obra a partir de descrições escritas de Hooke, pois seu único retrato em vida foi destruído pela ira de Newton após a morte do britânico.

A principal realização de Hooke, por mais quer não reconheçamos, é o nome “célula” para a unidade básica da vida, inspirado nas celas onde viviam os monges, parecidos com a estrutura biológica. O polímata faz essa conceitualização no, provavelmente, primeiro best-seller de ciências da história, o Micrographia.

"Robert Hooke 1635-1703 nascido na ilha de Wight. Um dos homens mais engenhosos que já existiu": Retrato memorial de Robert Hooke em Alum Bay, no Carisbrooke Museum / Crédito: Wikimedia Commons

Suas realizações só foram possíveis com as alterações que fez numa tecnologia recente da época: o microscópio. O cientista aprimorou seu mecanismo criando um foco, com uso de técnica de aproximação em parafuso, e adicionando uma fonte de luz. Na mesma época, desenvolveu a lei de Hooke, sobre o comportamento das molas.

Excelente desenhista, Hooke trabalhou com o arquiteto Christopher Wren após o incêndio que devastou Londres em 1666, participando do projeto que levou ao Observatório Real de Greenwich e a Catedral de São Paulo, além do registro em imagem de diversos prédios históricos.

Outras descobertas famosas de Hooke: o caráter de onda da luz (o que será essencial para a física quântica e astrofísica no século 20), a expansão da matéria por dilatação térmica, a existência de partículas no ar e o reconhecimento dos fósseis como seres vivos há muitos anos.

Microscópio de Hooke / Crédito: Getty Images

Hooke não é famoso hoje como um Leibniz ou um Galileu por motivos que ultrapassam seu trabalho. Mesmo chegando ao cargo de presidente de Royal Society, uma rivalidade seria poderosa para a sobrevivência enfraquecida de seu legado: Isaac Newton o odiava.

Uma das principais razões dessa intriga foi o conflito de egos dos cientistas. Ambos queriam ser reconhecidos como as mentes mais brilhantes da época. Mesmo a famosa lei da gravitação universal, clássico legado newtoniano, foi alvo de brigas, pois a conclusão de Newton não foi plenamente original, se utilizando de trabalhos anteriores que envolveram Hooke na década de 1670.

Ao mesmo tempo, o trabalho de comprovação científica através de um método matemático preciso é realizado na Principia (1687) de Newton, então o tema se tornou alvo de calorosas reinvindicações. Hooke estava certo de que Newton precisou de seu trabalho para chegar às conclusões que chegou. Newton se recusava a reconhecer.

Sir Isaac Newton / Crédito: Wikimedia Commons

Quando Hooke morreu, em 1703, Newton assumiu seu cargo na Royal Society. A partir de então, a popularidade do cientista só cresceu, em detrimento da imagem do Leonardo da Vinci britânico. Nasceu a fama de Hooke como um cientista amargurado que tentava ganhar créditos nos trabalhos alheios. Newton não deixou barato para ele.


Saiba mais sobre Hooke pelas obras abaixo:

1. Robert Hooke and the Rebuilding of London, de Michael Cooper - https://amzn.to/2XqNflC

2. Who Was Robert Hooke?, de Tanya Turner - https://amzn.to/2OmnBdl

3. Micrographia Restaurata, de Robert Hooke - https://amzn.to/33WlXpn

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