A iniciativa curiosa queria observar como seria a vida sexual dos animais durante uma jornada pela órbita da Terra
Em 19 de julho de 2014, a Roscosmos (Agência Espacial Federal da Rússia) enviou um satélite com cinco lagartixas para o espaço sideral a fim de desobrir se a reprodução dos animais era impactada pelo ambiente de microgravidade.
O grupo de répteis selecionados para participar da jornada espacial — sendo quatro fêmeas e um macho — eram acompanhadas por câmeras para que sua atividade sexual fosse registrada.
O curioso experimento pretendia revelar informações sobre fertilidade e acasalamento que podem ser úteis em um futuro hipotético em que a humanidade precise passar grandes quantidades de tempo em espaçonaves.
Segundo divulgado pela agência russa, seus objetivos oficiais com a chamada missão "Gecko-F4" eram "criar as condições para atividade sexual, cópula e reprodução de lagartixas em órbita", "filmar os atos sexuais das lagartixas e a possível postura de ovos" e, por último, "detectar possíveis alterações estruturais e metabólicas nos animais, bem como em seus possíveis ovos e fetos".
A iniciativa da Roscosmos, porém, não correu exatamente como planejado, com todas as cinco lagartixas tendo sido prejudicadas no processo.
Assim como previsto, o satélite ficou quatro meses na órbita de nosso planeta, a uma altura de 574 quilômetros do solo. O que não estava nos planos dos cientistas, todavia, é que eles encontrariam os répteis mortos após o retorno da espaçonave ao planeta em setembro.
Além do perecimento dos animais, o projeto passou por dificuldades logo em seu início: isso, pois, apenas cinco dias depois do início da missão, a agência espacial perdeu as comunicações com o satélite. Na época, essa interrupção do contato foi atribuída aos detritos presentes na atmosfera terrestre.
Uma das grandes preocupações durante esta falha era justamente relativa à sobrevivência das lagartixas. Porém, embora as comunicações com a sonda tenham sido recuperadas, sabemos hoje que elas morreriam de qualquer maneira.
Ainda segundo o NPR.org, a causa da morte dos animais teria sido uma irregularidade nos sistemas de suporte à vida a bordo com eles. Outro detalhe é que esse defeito teria ocorrido apenas alguns dias antes do pouso.
Embora as primeiras lagartixas a copularem no espaço sideral não tenham sobrevivido à sua jornada, vale apontar que algumas de suas parceiras de voo tiveram mais sorte: ainda que os répteis fossem o foco da iniciativa, a Roscosmos enviou também moscas-de-fruta, cogumelos e outros organismos para fora da órbita da Terra a bordo da Gecko-F4.
Dessas, as moscas foram as que mais prosperaram, não apenas retornando ao planeta com vida mas também tendo se reproduzido com sucesso durante a viagem.