Em 2008, a construção de um hotel praiano foi paralisada quando a praia em questão sofreu uma redução considerável
Em outubro de 2008, a empresa hoteleira Felicitas Ltda foi às autoridades da Jamaica para denunciar uma ocorrência inusitada: o roubo do equivalente a 500 caminhões de areia branca fina.
A companhia realizava então a construção de um luxuoso complexo de resorts à beira mal na praia de Coral Springs, de forma que foi bem perceptível quando, da noite para o dia, o trecho de areia diretamente na frente de suas obras passou por uma redução considerável.
As toneladas furtadas cobriam uma área de 400 metros quadrados, ou cerca de 0,5 hectare, e se tornaram imediatamente um enigma para a polícia jamaicana.
É relevante apontar que, como a existência de uma praia bonita é importante para valorizar um hotel litorâneo, uma das grandes suspeitas dos oficiais é que uma coalizão de empresas rivais do setor hoteleiro teriam estado por trás do roubo de grande escala.
Assim, é possível teorizar que após o transporte da areia para fora de Coral Springs, ela teria sido vendida e distribuída através do litoral da Jamaica, embelezando a paisagem na frente de outros resorts.
Não existe como, porém, dizer com certeza qual o paradeiro das toneladas de grãos brancos caribenhos: isso, pois eles nunca foram localizados.
Na época do evento, o então vice-comissário da Força Policial da Jamaica, Mark Shield, deu uma entrevista à BBC revelando alguns dos obstáculos enfrentados pelas autoridades:
É uma investigação muito complexa porque envolve muitos aspectos. Você tem os receptores da areia roubada, ou o que acreditamos ser ela. Os próprios caminhões, os organizadores e, claro, há alguma suspeita de que alguns policiais agiram em colaboração com os ladrões da areia", explicou.
O sumiço dos 500 caminhões de areia caribenha chegaram a chamar a atenção do primeiro-ministro da época, Bruce Golding, que solicitou a confecção de um relatório a respeito do caso — como sabemos hoje, todavia, tais esforços não foram a lugar nenhum.
O roubo de areia também preocupou a Jamaica Environmental Advocacy Network (JEEAN), um órgão do país que luta pela sustentabilidade. A retirada de uma parte tão massiva do solo de uma certa região, afinal, pode impactar a flora e fauna de seu ecossistema.
O complexo que estava sendo construído pela companhia Felicitas Ltda, por sua vez, valeria 108 milhões de dólares, de forma que as interferências no projeto lhe geraram prejuízos.
A areia furtada em si, aliás, foi avaliada em 70 milhões de dólares, mostrando assim o quanto do valor da praia de Coral Springs teria se perdido quando ela foi roubada.