Durante uma partida de futebol entre o Benfica e Vitória de Guimarães, o astro da Seleção Húngara sofreu um colapso
Nascido em Tatabánya, na Hungria, em 20 de julho de 1979, Miklós Fehér já despontava na infância em relação aos amigos. Em um país de pouca tradição no futebol, o garoto não apenas tinha uma excelente noção de posicionamento, mas também uma mira imbatível nas categorias para jovens jogadores.
Tal talento acompanhou o garoto por toda adolescência, favorecendo ainda mais por suas características físicas; Fehér atingiu 1,85m durante a puberdade, além de desenvolver um porte físico impressionante para a pouca idade. Dessa maneira, conseguiu chamar atenção do Gyõri ETO FC, clube que disputa o Campeonato Húngaro de Futebol, sendo integrado na equipe aos 16 anos de idade.
Lá, fez sua melhor sequência de gols na categoria profissional, chamando a atenção de outros clubes na Europa e rendendo sua primeira convocação para o sub-18 da Seleção Húngara. Em 1998, teve a oportunidade de crescer a carreira com sua transferência ao clube português Porto, no entanto, não conseguiu se encaixar na equipe e passou para o Benfica em 2002, iniciando o auge.
Servindo como amuleto do time, Miklós era peça chave durante o segundo tempo do Benfica durante os dois anos de estadia. Apesar de não conseguir a titularidade, era acionado para equilibrar sua força física com a técnica, notável quando os rivais já estavam mais cansados. A técnica chamou a atenção da Seleção da Hungria, que o integrou no elenco principal para a disputa das Eliminatórias Europeias.
Em uma das etapas de qualificação para a Copa do Mundo de 2002, Fehér chegou a marcar um "hat trick" contra a Lituânia, além de garantir a camisa 9 do time nacional, sendo um ídolo com apenas 22 anos de idade.
Dois anos depois, uma partida eliminatória contra o Vitória de Guimarães, o astro entrava em campo com a camisa 29 para auxiliar o ataque da equipe, que vencia por 1 a 0.
Em uma jogada lateral, Féher impediu a saída de bola de um atleta rival, levando um cartão amarelo pelo bloqueio. Rindo sarcasticamente sobre a penalidade, Miklós começou a desacelerar a caminhada, tentou sentar no chão e acabou caindo de maneira abrupta, batendo a parte traseira da cabeça com força no gramado.
A queda imediata chamou a atenção de colegas de equipe, que rapidamente notaram o mal súbito.
O futebolista croata Tomo Sokota foi o primeiro a se aproximar do companheiro de equipe, tirando sua língua da garganta para evitar o sufoco e realizando massagem cardíaca. O corpo imóvel de Fehér assustava os atletas e chamou a atenção do estádio pelo tumulto formado, chegando a ter uma ambulância entrando ao campo. Retirado com uma maca e inserido no veículo, o húngaro foi levado ao hospital.
Conhecido dos brasileiros na passagem pelo Flamengo, Jorge Jesus era o treinador do Vitória de Guimarães e estava em campo durante o incidente: “Ele saiu na ambulância e nós voltamos a jogar. Mas o que queríamos era sair rapidamente dali e ir para o hospital ter com ele. O jogo já não importava em nada. A vitória e o meu gol não importavam em nada”, disse o técnico na coletiva de imprensa.
Após diversas tentativas de reanimação e a intensa cobertura da imprensa esportiva, que transmitia o jogo, o médico-legista anunciou o falecimento do jogador por volta da meia-noite do horário local, atribuindo a causa a uma fibrilação ventricular causada por uma cardiomiopatia hipertrófica — condição onde a deficiência muscular cardíaca é causada por uma hipertrofia sem causa óbvia.
O corpo, velado no estádio do Benfica, popularmente apelidado pela torcida como Inferno da Luz, contou com o companheiro brasileiro Argel Fuchs no carregamento do caixão, além do anúncio da diretoria do clube de que a camisa 29 jamais seria usada por outro jogador. No jogo seguinte do clube, uma faixa estendida na torcida chamou a atenção da imprensa: “Fehér, apesar da tua transferência para o paraíso, o Inferno da Luz jamais te esquecerá”.