Encontrada em 2012 por uma criança que explorava o sótão dos avós, a "múmia" chegou a ser considerada fruto de um crime
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 10/10/2021, às 09h00 - Atualizado em 30/12/2021, às 20h00
Em 2012, na cidade de Diepholz, localizada na Alemanha, um menino de apenas dez anos chamado Alexander foi responsável por fazer uma descoberta arqueológica inusitada. Tratava-se de uma múmia humana dentro de um sarcófago escondido no sótão da casa de seus avós. Ou foi o que as autoridades pensaram, a princípio.
Rapidamente, a questão tornou-se um mistério, com policiais e especialistas em medicina forense tentando entender o que havia sido encontrado ali. O avô do garoto alemão havia morrido doze anos antes, de forma que não era mais possível questioná-lo a respeito da origem do excêntrico pertence.
O pai da criança, que se chamava Lutz-Wolfgang Kettler, levantou a hipótese de que o item poderia ter sido comprado durante uma viagem do homem à África, algo que ocorrera na década de 1950.
Rapidamente, ao analisar o que pensavam ser uma relíquia histórica, foi possível notar que as bandagens que embalavam os 'restos mortais' não eram provenientes do Antigo Egito.
Isso pois o material era muito mais moderno, datando do século 20 e tendo sido feito com uma máquina de costura, conforme repercutido na época pelo Art Daily. Outro detalhe relevante é que havia também uma máscara mortuária dentro do sarcófago.
Esse exterior mais recente, contudo, não deslegitimava o possível conteúdo das bandagens, de forma que a múmia foi submetida a uma tomografia computadorizada para análises mais profundas.
O exame revelou a existência restos mortais, com um esqueleto com a estatura estimada de 1,49 metros, segundo foi divulgado por um jornal local, o Kreiszeitung, no ano de 2012. Os ossos estavam envoltos ainda com uma camada de metal, e uma flecha atravessava a cavidade ocular do crânio.
Porém, um detalhe que despertava confusão é que o esqueleto não parecia pertencer a pessoa só. Na verdade, vários indivíduos, assim colocando em dúvida se aquilo era mesmo uma múmia.
"O que temos são perguntas sobre perguntas", alegou na época o patologista Andreas Nerlich em entrevista ao Spiegel Online.
Chegou a ser considerada, nessa altura, a possibilidade de que aquele era o fruto de um crime do século passado, o que foi abordado na época pelo porta-voz do departamento de polícia da cidade, Frank Bavendiek.
"Vamos esperar até saber a idade dos ossos. Se eles têm algumas centenas de anos, então é uma múmia e não vamos investigar", afirmou o oficial, ainda conforme a AFP na época.
Em 2013, o objeto curioso afinal terminou de ser explicado. A cobertura de metal havia levado a tomografia a apresentar um resultado confuso: na verdade, os "ossos" do esqueleto eram de plástico. Apenas o crânio, que se encontrava bem preservado, era real e passou a ter sua origem buscada.
"A cabeça de múmia era de um ser humano, mas, segundo as suspeitas da promotoria, se trataria de um crânio utilizado nos cursos de anatomia de uma escola de medicina", explicou na época Lutz Gaebel, um representante do governo alemão, segundo repercutido pela Band no período.
Nem descoberta arqueológica, nem crime medonho: no fim o objeto era um esqueleto de mentirinha para que fora usado para auxiliar estudantes.