Veterano da Primeira Guerra e artista nato, o pintor sofreu nas mãos do governo que havia o acolhido
Władysław Strzemiński foi um pintor de vanguarda e teórico de arte polonês nascido em 1893, na capital de Belarus, Minsk. O artista, que foi de grande importância para o cenário da arte moderna dentro de países do leste da Europa durante o século 20, acabou sendo censurado pelo realismo socialista, mas não antes de ajudar a fundar uma extensa coleção de obras de artistas de vanguarda internacional na Polônia, e de criar um manuscrito sobre a visão humana, que seria publicado apenas seis anos depois de sua morte.
A relação de Strzemiński com a arte se deu início enquanto ainda era jovem: tendo estudado Engenharia na Universidade Técnica de Engenharia Militar de São Petersburgo, na Rússia, serviu durante a Primeira Guerra Mundial, mas ferido acabou deixando o serviço militar em 1916, com 23 anos, para retomar os estudos, mas com um rumo artístico, segundo o portal Culture Poland.
Com isso, apenas dois anos depois, o antigo tenente participou de aulas nos Ateliês Livres de Artes e Ofícios de Moscou, com os maiores nomes do suprematismo russo, Kazimir Malevich e Vladimir Tatlin.
Entre os anos de 1919 e 1926, o pintor passaria seu tempo ensinando e palestrando sobre arte dentro de Belarus e da Lituânia, países próximos da Polônia e de suas origens.
Destaques importantes de suas atividades nesse período inicial como professor foram seus cargos dentro de comitês voltados para educação, sua contribuição para periódicos e a curadoria de exposições de arte moderna, assim como a exibição de seu próprio trabalho em museus por toda a recém-formada União Soviética.
Władysław, que acabou se tornando um especialista nas vanguardas não apenas russas, mas modernas como um todo, teve um grupo artístico próprio, que, ao lado de Henryk Berlewi, intitulou de “Blok”, ou Grupo de Cubistas, Construtivistas e Suprematistas.
As produções artísticas e os ensaios dos membros do grupo fizeram grande sucesso dentro e fora da Polônia, mesmo que seu trajeto fosse feito apenas dentro dos moldes soviéticos.
Mesmo com anos de sucesso, exibições, doações para museus, aulas, trabalhos de curadoria, presença internacional, alunos e experiência nas costas, seu trabalho passou a ser alvo do Ministério da Arte e da Cultura da Polônia em 1948, na época liderado por Włodzimierz Sokorski, que ficou famoso após banir o jazz durante uma conferência de compositores um ano depois, em 1949.
A arte de Strzemiński, de vanguarda e questionadora, não estava dentro dos moldes do que a República Popular da Polônia gostaria que fosse produzido dentro do país, e a perseguição do artista tornou- se cada vez mais clara.
Tudo começou quando um de seus trabalhos não foi aceito na Primeira Exibição de Arte Moderna da Cracóvia, em dezembro de 1948, e além de não receber uma justificativa, nunca mais foi capaz de encontrar o quadro que havia sido enviado.
Suas obras, que não apelavam a estética do realismo socialista que entrava em vigor, foram dadas como “arte cosmopolita” e “experimentos inúteis”.
Em 1950, dois anos antes da morte do artista, o ministro Sokorski assinou um comunicado urgente que anunciava a renúncia de Władysław Strzemiński como professor. Ele passou a trabalhar como designer de pôsteres e continuou escrevendo seu manuscrito, até finalizá-lo.
Em 1952, o artista morreu de tuberculose em um hospital da cidade polonesa de Łódź, mas seu legado foi passado por estudantes de Arquitetura, Design e Artes, que distribuíram seu texto sobre a teoria da visão de forma ilegal, mas honrosa, até ele ser publicado oficialmente, no ano de 1958.