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Matérias / Bizarro

Ponto de referência macabro: O misterioso desaparecimento do cadáver Botas Verdes no Monte Everest

O cadáver tornou-se símbolo para alpinistas no topo da famosa montanha; e seu sumiço em 2014 causa espanto nos visitantes do local até os dias de hoje

Isabela Barreiros Publicado em 29/01/2020, às 18h20

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O cadáver Botas Verdes - Wikimedia Commons
O cadáver Botas Verdes - Wikimedia Commons

O Monte Everest está cheio de cadáveres. O número oficial é desconhecido, mas acredita-se que desde 2015 a somatória chegue a quase 300 corpos espalhados pela neve da famosa montanha. Escala-la está entre o desejo de muitos alpinistas — mas, como é possível perceber, faz com que eles se submetam a muitos perigos.

Na parte mais alta do monte, que mede 8.848 m, está concentrada a maioria dos cadáveres das vítimas de tentativas mal sucedidas. Por mais bizarro que pareça, eles são deixados na montanha. O mais famoso deles é o de Tsewang Paljor, conhecido como Botas Verdes (Green Boots) — que desapareceu misteriosamente em 2014.

Primeiro, é importante refletir sobre os motivos que levam autoridades a abandonar restos mortais no Everest. Além do alto custo para remoção, o local possui, por natureza, um clima adverso, que impõe dificuldades logísticas a quem quer tirar os corpos de lá.

Crédito: WIkimedia Commons

Além disso, como a pessoa sempre está congelada, seu corpo pesa quase duas vezes mais, fazendo com que seja preciso de seis a oito guias para cavar ao redor do gelo e assim carregá-lo para fora da montanha.

Por mais que muitos dos corpos sejam visíveis, outros ficam escondidos na neve. No entanto, isso vêm mudando no contexto climático atual. "Por causa do aquecimento global, o manto de gelo e as geleiras estão derretendo rapidamente e os corpos que permaneceram enterrados durante todos esses anos estão sendo expostos", afirmou Ang Tshering Sherpa, ex-presidente da Associação de Montanhismo do Nepal em entrevista à BBC.

Assim como os outros cadáveres abandonados, Botas Verdes permaneceu no local em que morreu durante muito tempo. O alpinista indiano estava escalando a montanha junto com membros da Polícia de Fronteira Indo-Tibetana no dia 10 de maio de 1996 quando uma nevasca maciça atingiu o local. O evento ficou conhecido como Desastre de 1996 do Monte Everest. Além dele, mais oito pessoas morreram naquele dia.

O corpo leva esse nome devido às botas que utilizava quando aconteceu a tragédia. Os calçados verde neon fizeram com que ele se tornasse um ponto de referência muito conhecido por quem realizava a trajetória no monte. Ele havia falecido em um dos pontos mais importantes do Everest.

Pouco se sabe sobre o alpinista. Acredita-se que ele tenha vindo de uma região da Índia denominada Ladaque, e que morreu com apenas 28 anos.

No entanto, um mistério cerca o cadáver do Botas Verdes. Em 2014, os visitantes relataram que o corpo havia sumido — muitos pensaram que ele havia sido removido ou enterrado no local. Mas autoridades tanto da China quanto do Nepal afirmaram que eles não foram responsáveis por tal sumiço.

Em 2017, surgiram inúmeros relatos sobre a localização dos restos mortais. Elas, porém, são difusas e não conseguem estabelecer uma narrativa completa para o desaparecimento. O paradeiro do Botas Verdes permanece um mistério até os dias de hoje.


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