Pedro de Saisset nasceu na França, fruto de relação extraconjugal de Dom Pedro I
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 20/08/2022, às 17h00 - Atualizado em 18/11/2022, às 21h00
Durante uma viagem a trabalho à cidade de San José, próxima a São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos, em 2018, a jornalista brasileira Tina Evaristo fez uma descoberta ao acaso que lhe chamou muito a atenção: a propaganda de um museu dedicado a família de Dom Pedro I.
Curiosa sobre o motivo de haver uma homenagem ao imperador brasileiro nos Estados Unidos, ela descobriu que o Vale do Silício e o Brasil tinham uma conexão no passado. Isso porque foi na região que viveu Pedro de Alcântara Brazileiro de Saisset, filho fora de casamento do imperador Pedro I.
Desde então, Tina Evaristo empenhou grande parte do seu tempo em uma pesquisa em torno do homem e sua família, para entender exatamente como as histórias se conectam. Todo o trabalho implicou na criação de um blog, cujo nome é 'Pedro de Saisset', com postagens constantes iniciadas em fevereiro deste ano e planejadas em terminar no dia 7 de setembro, bicentenário da Independência do Brasil.
Para Tina Evaristo, Pedro de Saisset não recebe tanto reconhecimento quanto merecia no Brasil, enquanto no Vale do Silício o legado de família é lembrado até os dias de hoje.
Ele [Pedro de Saisset] nunca foi tratado como um ser humano, mas como um problema pela família imperial e pelos amigos de Dom Pedro I. Pela impressão que tenho, após ler várias cartas, foi o único irmão de Dom Pedro II que poderia apresentar uma ameaça ao poder oficial. Porque era inteligente, visionário, trabalhador e conseguiu acumular uma fortuna nos Estados Unidos", conta, conforme repercutido pelo O Povo.
Nascido em Paris no dia 28 de agosto de 1829, Pedro de Saisset era filho da modista Henriette Josephine Clémence de Saisset, que deixou o Brasil enquanto grávida do filho de Dom Pedro I. Seu marido, o comerciante francês Pierre Joseph Felix de Saisset, até mesmo fechou um acordo com o imperador brasileiro para assumir a criança, em troca de ajuda em dinheiro.
Foi só em 1848, pouco antes de completar seus 19 anos, que o jovem Pedro de Saisset fez uma viagem ao Rio de Janeiro para cuidar de negócios de seu pai adotivo — que tinha uma loja de tecidos na região. No entanto, cerca de seis meses depois de sua viagem, o rapaz foi embora do Rio no início de 1849, e pegou um navio em direção à Califórnia.
A causa para sua ida aos Estados Unidos, no entanto, é um dos maiores mistérios em torno do personagem, visto que não há qualquer relato ou documento oficial que justifique a ação. "Não consigo imaginar ele chegando ao Brasil, depois de todo o escândalo, e ninguém contar quem ele era de verdade", acrescenta a jornalista, que acredita que a ação tenha sido tomada depois de o homem descobrir seu parentesco com Dom Pedro I.
Ao longo de sua viagem ao país norte-americano, Pedro de Saisset teria sido roubado pelo capitão do navio que o transportou, o que se tornou uma grande dificuldade para o jovem. E
ntão, logo que chegou à Califórnia, tornou-se estivador — responsável pela arrumação de cargas em embarcações —, e eventualmente conquistou riquezas e prestígio na região, ao se tornar cônsul da França na cidade de San José.
Eventualmente, como informado pelo portal de notícias O Povo, Pedro casou-se com a viúva Maria Palomares, que já tinha três filhos. Com ela, ainda teve outros seis filhos, dos quais apenas quatro sobreviveram: Pierre, Ernst, Henriette e Isabel.
Pierre, o mais velho, cresceu e foi para a França estudar música; Ernst, o segundo, também foi ao país europeu, em Paris, mas para estudar pintura — e inclusive tem um museu em sua homenagem na Califórnia —; Henriette casou-se nos Estados Unidos e teve filhos, mas as crianças morreram ainda jovens; Isabel, a mais nova, perdeu o noivo antes de seu casamento, e teve uma vida mais solitária até que, em 1951, morreu e encerrou a linhagem de Saisset.
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