Chapman realizava roubos a cofres antes de tornar um dos maiores agentes duplos da Segunda Guerra
Antes da Segunda Guerra Mundial, Eddie Chapman era um criminoso conhecido por integrar uma gangue que realizava roubos a cofres, segundo o site do MI5. Essa vida de crimes possibilitou que ele desfrutasse dos maiores luxos, sendo que convivia com grandes astros do cinema e da música.
No entanto, a vida boa teve fim em fevereiro 1939, quando o britânico foi preso na ilha de Jersey. Ele havia acabado de assaltar uma boate e estava foragido, de modo que foi condenado a dois anos de reclusão. Entretanto, como tentou fugir em setembro daquele ano, mais tarde as autoridades somaram mais um ano à sua pena.
O criminoso foi solto em outubro de 1941, quando as Ilhas do Canal já haviam sido invadidas pelos alemães. A essa altura, a guerra já encontrava-se perto de seu auge, uma vez que os EUA entrariam no conflito nos próximos meses.
Em meio ao caos, Chapman queria encontrar uma forma de voltar para a Grã-Bretanha. Por esse motivo, ofereceu serviços como espião aos alemães. Aceito, logo entrou para o serviço secreto da Alemanha, o Abwehr.
Devido ao seu envolvimento com o crime, Eddie conhecia muitas pessoas que poderiam ser recrutadas como novos agentes. Além disso, os anos de manuseamento de explosivos lhe foram úteis para a função, já que os alemães anseavam que ele atacasse a fábrica de aeronaves De Havilland, em Hertfordshire, local em que foi desenvolvido o famoso De Havilland DH 98 'Mosquito'.
Mas isso não significava que ele não precisaria de treinamento para desempenhar tal ação. Na verdade, o agora espião teve de passar um ano na França realizando um intensivo treinamento.
Assim, no dia 16 de dezembro de 1942, Chapman foi dirigido a um campo em Cambridgeshire. Mas ao contrário do que os alemães imaginavam, o homem acabou por se entregar à polícia, afinal, estava em solo britânico, e era tudo o que importava.
Porém, o que nem ele - e muito menos os alemães imaginavam - é que os britânicos haviam decifrado os códigos secretos dos nazistas e, por isso, já sabiam de todos os seus passos. Através das táticas, aguardavam a chegada de Eddie.
Chapman foi levado a um centro de detenção secreto do MI5, o serviço de segurança britânico, localizado em Londres. Lá, ele foi interrogado sobre tudo o que fez e presenciou durante seu período na França e se ofereceu para trabalhar para os britânicos contra os alemães.
Apesar de seu histórico repleto de crimes, Eddie foi aceito pelo tenente-coronel RobinStephens. Foi assim que ele ficou conhecido como Agente ZIGZAG, um dos principais agentes duplos que serviram ao Reino Unido durante a Segunda Guerra.
Chapman entrou em contato com os inimigos por meio de rádio. Disse que estava prestes a atacar a fábrica De Havilland. Entretanto, tudo não passava de um plano do espião e dos oficiais britânicos para enganar os nazistas.
Durante madrugada do dia 29 de janeiro de 1943, os britânicos instalaram um sistema de camuflagem que daria aos aviões de reconhecimento alemães a impressão de que uma bomba tivesse sido lançada contra a fábrica.
Foram utilizados papel machê e madeira para dar a impressão de que os transformadores haviam sido danificados, além de que lonas e chapas de ferro pintadas foram colocadas nos edifícios para simular material derretido. Também foram espalhados destroços ao redor da usina.
Para finalizar o plano, o MI5 fez com que o Daily Express espalhasse a história falsa entre a população, relatando "uma explosão em uma fábrica nos arredores de Londres". Assim, era muito mais fácil convencer os inimigos. E realmente funcionou.
Mas, mesmo após a falsa sabotagem, o agente continuou fingindo estar do lado dos alemães, sendo que, ironicamente, em março de 1943, foi homenageado com a Cruz de Ferro, a maior honraria da Alemanha devido ao seu grandioso trabalho para a Abwehr.
Quando tornou à Grã-Bretanha em junho de 1944, Eddie Chapman publicou três livros sobre suas façanhas. O primeiro deles 'The Eddie Chapman Story' foi lançado em 1953. O segundo, 'Free Agent: The Further Adventures of Eddie Chapman' foi publicado dois anos depois e, em 1966, veio o último: 'The Real Eddie Chapman Story'.