Com lâmina de 88 centímetros, espada foi encontrada cravejada de conchas por mergulhadores em 2021
Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 03/08/2023, às 11h32 - Atualizado às 17h01
Em 2021, mergulhadores encontraram em meio ao Mar Mediterrâneo, em Israel, um artefato impressionante a primeira vista: uma espada cravejada por conchas. Foi só recentemente, porém, que surgiu um estudo — publicado na revista 'Atiqot — que revela como a antiga arma medieval foi parar ali.
De acordo com a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA), em publicação do dia 23 de julho no Facebook, a antiga espada teria chegado às águas do Mediterrâneo ao ser jogada por um guerreiro das Cruzadas, em meio a uma batalha naval entre 800 e 900 anos atrás.
Importante ressaltar que o artefato, coberto com uma camada espessa de concreção marinha de areia e conchas, só foi preservado justamente graças ao fenômeno natural.
A princípio, os pesquisadores lamentaram não poderem vê-la como feita originalmente, mas "por outro lado, a concreção é responsável por desacelerar o processo de oxidação, preservando a espada em sua totalidade. Caso contrário, o ferro teria enferrujado e se desintegrado na água", relatam os especialistas.
Ainda assim, uma análise foi possível sem que a antiga espada fosse danificada, graças a uma tecnologia de ponta de raios-x. "A espada foi usada por um guerreiro cruzado que se estabeleceu no país após a Primeira Cruzada e estabeleceu o Reino de Jerusalém em 1099", explica o pesquisador da IAA Jacob Sharvit.
Considerando as batalhas sangrentas que ocorreram no país entre os cruzados e os muçulmanos, conhecidas por várias fontes históricas, poderíamos esperar encontrar mais espadas desse tipo", acrescenta.
No entanto, até hoje poucas espadas do tipo foram encontradas na região — sete no total, a maioria no mar, segundo a Revista Galileu.
A espada descoberta em 2021 foi descrita como tendo uma lâmina de 88 cm de comprimento e 4,6 cm de largura. Além disso, também foi notado que ela estava parcialmente torta, o que sugere que teria sido utilizada em combate.
Joppe Gosker, outro pesquisador envolvido no estudo, avalia que a antiga espada provavelmente fazia parte do equipamento pessoal de algum cavaleiro ou guerreiro da época das Cruzadas. "As espadas exigiam muito ferro de qualidade e, portanto, eram caras. Além disso, a luta com espadas exigia treinamento e prática e, portanto, apenas a nobreza e os soldados profissionais lutavam com espadas."
Logo, considerando-se o valor que as espadas possuíam, mesmo na época em que eram relativamente comuns em meio a batalhas, o fato de ela ter sido encontrada sem a bainha sugere que ela possivelmente caiu no mar em meio a uma batalha, juntamente a seu dono — cujos restos mortais não foram achados.
A espada poderia estar em um dos navios que sitiaram as cidades costeiras, ou talvez pertencesse a um cavaleiro que estava em um navio voltando para casa na Europa", conclui a publicação.