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Matérias / Myriam Rawick

Myriam Rawick, a menina que registrou a guerra da Síria em um diário

Em diário, a síria Myriam Rawick registrou a guerra através de seu olhar como criança; relembre sua história e influência

Redação Publicado em 01/09/2024, às 17h00

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Myriam Rawick durante entrevista - Reprodução/Vídeo/France 24
Myriam Rawick durante entrevista - Reprodução/Vídeo/France 24

A jovem síria Myriam Rawick passou por uma jornada tumultuada durante os cinco anos de guerra em Aleppo. Tendo que fugir de seu bairro e enfrentando bombardeios, Myriam se tornou refugiada em sua própria cidade.

Em seu diário, ela documentou esse pesadelo. "O Diário de Myriam" retrata a guerra síria pelos olhos de uma criança de uma família cristã, de origem armênia, que teve a vida drasticamente alterada.

Registros

Myriam anotava tudo o que presenciava: slogans revolucionários nas paredes, manifestações contra o governo, o sequestro de seu primo, bloqueios e combates.

"Quando a guerra começou, minha mãe sugeriu que eu escrevesse um diário. Nele, registrava tudo o que fazia no meu dia. Achei que assim poderia lembrar de tudo o que aconteceu", disse Myriam em uma entrevista à AFP em Paris, em 2016.

Em dezembro de 2016, o jornalista francês Philippe Lobjois tomou conhecimento da menina e seu diário – um caderno com cerca de 50 páginas escritas em árabe – e viu nisso uma oportunidade única para narrar a guerra a partir do interior do conflito.

O diário, cobrindo o período de novembro de 2011 a dezembro de 2016, foi traduzido para o francês e publicado pela editora Fayard.

Do céu ao inferno

Antes de se tornar o epicentro da guerra na Síria, Aleppo – uma das cidades mais antigas do mundo – era um local repleto de tesouros declarados Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Mas esse paraíso transformou-se rapidamente em um inferno. Myriam diz que nunca esquecerá os sombrios dias de março de 2013, quando rebeldes islâmicos radicais obrigaram sua família a abandonar sua casa.

"Corri para colocar meus livros na mochila. Adoro livros e não podia deixá-los para trás. Vesti dois casacos para me proteger das balas perdidas", afirmou Myriam à agência de notícias. "Na rua, vi um homem barbudo vestido de preto com uma arma na mão. O medo era palpável. Caminhamos muito até chegar a uma área mais segura".

Refúgio

A família encontrou refúgio na parte ocidental da cidade, controlada pelo governo, mas ainda alvo frequente das bombas dos rebeldes.

"Os mísseis eram meu maior medo. Uma noite, enquanto ia me deitar, o céu ficou vermelho e ouvi um barulho ensurdecedor. Um míssil havia caído na rua ao lado da nossa. Para nos acalmar, meus pais nos deram açúcar dizendo que ajudaria a diminuir o medo. Mas não senti diferença alguma", disse ela em 2016 na entrevista.

"Nos refugiamos na casa de uma vizinha; colocaram-me em um colchão diante de uma janela e eu tinha pavor das janelas por causa dos fragmentos de vidro. Não queria ficar desfigurada", explicou à AFP.

A rendição dos rebeldes em dezembro de 2016 trouxe certa normalidade a Aleppo, embora o fornecimento de água e eletricidade ainda fosse irregular.