Técnica usada para consertar o osso foi descrita como "sofisticada" e "espantosa" por pesquisador; confira!
Uma análise do crânio de um guerreirobizantino encontrado na Grécia durante uma escavação de 1991 revelou que o homem havia sido submetido a uma curiosa cirurgia. A informação foi divulgada em 2021.
Aproximadamente uma década antes de seu óbito, que se deu durante uma batalha contra tropas do Império Otomano no século 14, o guerreiro teve a mandíbula quebrada.
O osso, por sua vez, foi costurado com fios de ouro para garantir que permanecesse unido durante a cicatrização. O metal, vale destacar, é uma boa escolha de material para esse procedimento, dado que não é tóxico para o nosso organismo.
Não existe como saber o que causou a fratura, mas algumas teorias são que ele foi ocasionado pela queda de um cavalo, ou por um golpe desferido por inimigos.
A curiosa operação seguiu uma técnica que já havia sido proposta 1.800 anos antes por um tratado sobre lesões na mandíbula escrito pelo famoso médico gregoHipócrates, também conhecido como o pai da Medicina, conforme repercutido pelo portal Greek Reporter.
O melhor é que as ideias do pensador, de fato, teriam funcionado, permitindo que a mandíbula do soldado, que havia se partido em dois pontos diferentes, se recuperasse com sucesso.
Em uma das dentições, vi que o dente estava um pouco limado para que o nó que estava amarrado no arame não arranhasse a bochecha. É muito sofisticado, é espantoso", apontou Anagnostis Agelarakis, professor de antropologia que liderou o estudo dos restos mortais do guerreiro.
Segundo estimado pelo especialista, o responsável pela cirurgia seria um "indivíduo erudito e educado".
O motivo pelo qual o crânio foi encontrado sem o restante do esqueleto do guerreiro provavelmente se deve às práticas de batalha dos otomanos, que costumavam decapitar os cadáveres de seus inimigos e colocar as cabeças em estacas para humilhar os derrotados.
O homem com a mandíbula costurada com fios de ouro morreu durante uma batalha no forte Polystylon. As pistas históricas do local revelam que as tropas bizantinas lutaram até o último momento — eles não se renderam, foram, em vez disso, subjugados pelo exército adversário.
Ele [o alvo do estudo] era o líder militar, provavelmente do forte. Portanto, ele foi decapitado pelos otomanos quando eles tomaram o forte", acrescentou Agelarakis.
Apesar dessa suposta posição importante ocupada pelo soldado bizantino na hierarquia da época, contudo, seus restos mortais nem mesmo foram encontrados em sua própria sepultura: o crânio dele foi descoberto, na verdade, junto da cova de uma criança de 5 anos. Não é claro, todavia, se ele e a criança possuíam algum parentesco.
Essa ausência de rituais funerários específicos para o guerreiro, assim como a falta do restante de seu esqueleto, parecem indicar que ele foi enterrado ali de forma apressada, possivelmente por alguém que o fez "sem a permissão dos subjugadores", segundo apontou o estudo a respeito do achado.
Nas proximidades do enterro, havia ainda um fragmento de cerâmica que, conforme especulado pelos pesquisadores, teria sido utilizado para cavar o túmulo, de acordo com informações repercutidas pelo Live Science.
Outro aspecto trágico a respeito do fim do soldado é que logo antes de sua morte ele sofreu um "horrendo impacto frontal" — provavelmente sendo esse o golpe que levou ao seu derradeiro falecimento.