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Matérias / Brasil

Massacre de Porongos: O violento final de quando brancos da elite e negros escravizados lutaram lado a lado

Durante a Revolução Farroupilha, foi prometida a liberdade aos escravizados que colaborassem com a vitória da insurreição. Porém, isso não aconteceu

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 12/02/2021, às 12h53

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Pintura representando a Revolução - Wikimedia Commons
Pintura representando a Revolução - Wikimedia Commons

A Revolução Farroupilha foi a mais longa insurreição brasileira, sendo capaz de alcançar uma duração de impressionantes dez anos. O movimento também foi responsável por declarar a chamada República de Piratini onde fica atualmente o estado do Rio Grande do Sul

Apesar de contar com a fundação de uma república, todavia, não existe consenso entre os historiadores se houve ou não intenção separatista por parte dos líderes da revolução, que poderiam também estar simplesmente em busca de maior autonomia em relação ao governo central. As informações foram documentadas pelo site Brasil Escola, do UOL. 

Era então o Período Regencial e o governo era administrado por líderes temporários enquanto esperava-se pela maioridade de D.Pedro II.

Um dos episódios mais controversos da revolta foi a Batalha de Porongos - ou massacre de Porongos - ocorrido já próximo do final da Revolução Farroupilha, quando o movimento já havia sido inegavelmente derrotado e negociações de paz eram feitas.

Antecedentes 

Uma dúvida imediata é porque uma batalha, especialmente tão sangrenta, ocorreu simultaneamente às negociações de paz. Para entender isso, é preciso entender que o alvo desse massacre foram, na verdade, os escravizados que haviam lutado na revolução, também chamados de "lanceiros negros". 

Pintura de lanceiro negro / Crédito: Wikimedia Commons

A princípio, não parece nem fazer sentido que eles tenham se juntado às linhas de ataque da insurreição, uma vez que essa nada lhes dizia respeito. A principal motivação da Revolução Farroupilha, afinal, foi a indignação por parte dos produtores de charque com os impostos altos cobrados sobre o produto deles. 

Todavia, para convencer os negros a lutarem, os líderes da revolta prometeram que, caso fossem vitoriosos, concederiam a liberdade para os homens escravizados que os ajudaram a chegar nesse objetivo. 

E isso definitivamente foi motivação o suficiente para os escravizados da época - o que fez com que cativos em fuga de outras partes do país também se juntassem à causa.  Em geral, é claro, esses não eram homens que tinham muita escolha do que aconteceria em suas vidas. 

Mas como explicou o historiador Juremir Machado da Silva, escritor do livro “História Regional da Infâmia”, em entrevista ao jornal NH, o trabalho forçado na lavoura era muito diferente de uma batalha. Não era tão fácil, por exemplo, chicotear quem não seguisse as ordens em meio ao embate. Por isso a necessidade de convencimento, e da promessa - que jamais seria cumprida. 

O massacre 

"Eles eram grandes guerreiros, ainda mais com a promessa de se tornarem livres. Além de serem exímios domadores de cavalos nas fazendas, também dominavam as armas muito bem", explicou Rodrigo Perla Martins, doutor em História, também para o jornal NH em uma matéria de 2020, sobre o esquadrão de lanceiros negros. 

Entretanto, ainda que fossem ferozes guerreiros, eles não eram invencíveis a um ataque surpresa, realizado no meio da noite, quando estavam despreparados. Mais de uma centena deles morreram, e cerca de 120 foram escravizados novamente. 

Para Juremir, que conduziu uma pesquisa de 5 anos a respeito do tema, tratou-se de uma emboscada: a dizimação desses homens não teria ocorrido a despeito do tratado de paz, mas por causa dele. 

David Canabarro, por exemplo, um dos comandantes militares que participou da revolução, já sabia da aproximação de soldados reais previamente ao ataque de Porongos, mas, escolheu não avisar os lanceiros, além de uma série de outros indícios, incluindo uma carta do próprio Barão de Caxias (futuramente Duque de Caxias) discutindo os termos do acordo de paz, que incluíam um combinado com Canabarro

Fotografia do Duque de Caxias / Crédito: Wikimedia Commons

"Como viram que estava perdido, queriam a anistia. Que o império aceitasse algumas condições e tudo fosse perdoado, selando uma paz honrosa em que não iria todo mundo para uma cadeia.”, contou ainda Juremir para o jornal NH

“Para isso, entre outras coisas, os negros tinham que ser devolvidos. Eram propriedade dos seus donos. Nesse ponto, houve um impasse. Os farrapos se sentiam envergonhados e tinham medo de uma rebelião de escravos posterior. Era preciso encontrar uma saída", concluiu. 

Essa saída foi o massacre de Porongos. A luta de homens brancos e negros lado a lado durante aquela transição entre o Primeiro e o Segundo Reinado foi, no fim, apenas uma ilusão temporária de liberdade para os escravizados no Brasil. A abolição da escravatura viria apenas dali a cerca de 40 anos.


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