Os monges copistas soltavam a imaginação, criando figuras insanas e até pornográficas
Coelhos matando homens, monges lutando com criaturas, colheitas de pênis... Essas são só algumas das milhares de imagens profanas, pornográficas e/ou simplesmente estapafúrdias encontradas em manuscritos da Idade Média.
Os desenhos bizarros são chamados de marginália, porque iam nas margens das páginas. Eram criados por monges que passavam dias e dias copiando fielmente inúmeras linhas. Serviam como forma de quebrar a rotina.
"Não há um único significado para as ilustrações, Há, no entanto, muitas interpretações.", disse James Freeman, especialista em manuscritos medievais da Biblioteca de Londres à CNN.
De acordo com Freeman, as ilustrações eram uma forma de humor subversivo, invertendo a ordem das coisas. Como colocando coelhos para caçar pessoas.
O fato de que eram livros de monges destinados a outros religiosos ou a uma população muito limitada de nobres — um clubinho exclusivo — era justamente o que permitia essa liberdade.
"Eram nesses espaços limítrofes que essas ideias podiam, de forma segura, até abusada, serem exploradas", diz Freeman. "Um espaço em que a sociedade podia ser criticada e questionada enquanto se escondendo por trás de alusões."
As ilustrações não soaram tão engraçadas assim para o abade francês Bernardo de Claraval, que as descreveu como "monstruosidades ridículas". Claraval foi o mesmo que não achou graça nenhuma nas gárgulas asquerosas que adornavam as igrejas medievais e recomendou sumir com elas.
Confira abaixo algumas das mais alucinadas ilustrações feitas pelos monges.
1. Solo fértil
Ilustração do século 14, do Romance da Rosa / Crédito: British Library
2. No flagra
3. Mulher montada em um pênis voador
4. Coelhos caçando humanos
Do livro Smithfield Decretals, 1300 / Crédito: British Library
5. Homens sem cabeça lutando um contra o outro
Breviary of Renaud de Bar, França, 1302-1303 / Crédito: Wikimedia Commons
6. Eles estão entre nós?
7. Visitante noturno
8. O monstro do mar da Dalmácia
Ilustração do livro Le Miroir du Monde, século 15 / Crédito: Wikimedia Commons