Em 1944, o jovem de 22 anos foi levado até a linha de frente dos Aliados para abafar o som dos tiros e aumentar a moral de seus companheiros
No dia 6 de junho de 1944, a França estava ocupada pelos exércitos alemães e os Aliados planejavam uma grande invasão. Conhecido como Dia D, o conflito mudou o curso da Segunda Guerra Mundial, sendo a maior operação naval, aérea e terrestre da história.
Durante o episódio, os soldados Aliados desembarcaram em cinco praias da Normandia, carregados de armas e suprimentos. Atrás de uma das tropas, com água até a cintura, Bill Millin, aos 22 anos, carregava sua gaita de foles, usando apenas um kilt, completamente desarmado.
Conhecido como Mad Piper ("Flautista louco", em português), o soldado canadense foi enviado ao Dia D com a missão de aumentar a moral dos Aliados e abafar o som dos tiros. Pouco tempo antes, o Departamento de Guerra da Inglaterra havia banido gaiteiros de suas linhas de frente, alegando que os instrumentistas atraiam o fogo do inimigo.
Lord Lovat, entretanto, o comandante de Bill, achou que as músicas escocesas poderiam animar os Aliados. Assim, ele deslocou Millin para a linha de frente sem pensar duas vezes. Cerca de 4,4 mil soldados Aliados morreram naquele dia, junto de 4 a 9 mil soldados alemães e milhares de civis franceses.
O gaitista, todavia, não levou um tiro sequer. Em entrevistas dadas após o fim da guerra, ele revelou o motivo. Em suas palavras, os próprios soldados alemães lhe disseram que ele foi poupado porque pensavam que ele era louco. Daí o nome Mad Piper.
Ao The Independent, Millin falou sobre o conflito e lembrou de cenas terríveis. Com sua gaita de foles em mãos, o soldado viu muitos de seus colegas mortos, flutuando na praia. “Lord Lovat disse que eu deveria tocar e que ele se preocuparia com as consequências depois”, narrou.
Em entrevista ao Times, Tom Duncan, um dos comandantes dos Aliados, contou que nunca se esqueceria do som da gaita de Bill. “Assim como o orgulho que sentimos, a música nos lembrou de nosso lar”, conta. “Lembrou-nos do motivo de estarmos lutando: por nossas vidas e por nossos entes queridos”.
Após o fim da Segunda Guerra, Bill continuou tocando gaita de foles com uma companhia de teatro itinerante, até encontrar outro emprego. Logo, ele tornou-se um enfermeiro psiquiátrico no Reino Unido. Anos mais tarde, o Mad Piper morreu em Devon, na Inglaterra, em 2010. Ele tinha 88 anos.
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