Marcado por uma vida de polêmicas, o político viveu um episódio peculiar em seu exílio no Uruguai
Leonel Brizola incomodava tanto os generais do regime militar brasileiro que foi expulso até do Uruguai, onde estava exilado após o golpe de 1964. Ele foi um dos mais notórios políticos da história do Brasil. Nascido e radicado no Rio Grande do Sul, foi governador do estado por uma vez e do Rio de Janeiro por duas.
De esquerda e ferrenho defensor do trabalhismo, tornou-se um dos maiores opositores do regime militar de 1964, inclusive antes mesmo dele existir. Quando o então presidente Jânio Quadros renunciou e o país passou por uma intensa crise política, Brizola liderou a Campanha da Legalidade, em 1961, que visava garantir que o vice, seu cunhado João Goulart, assumisse a presidência, frustrando os planos de muitos oficiais do exército.
Os esforços para evitar o golpe apenas o adiaram e, quando aconteceu, Brizola foi imediatamente considerado um dos maiores inimigos do novo regime. Assim, exilou-se no Uruguai logo em maio de 1964, de onde tentou comandar uma resistência armada em vez de se unir a outros dissidentes como Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e o próprio Jango na Frente Ampla, mas não obteve sucesso.
Manteve-se no Uruguai sob vigia da inteligência do governo militar brasileiro, que pressionava os vizinhos para que o deportassem. Ao final da década de 1970, quando os uruguaios passaram por um golpe de Estado que também inaugurou uma ditadura militar no país, Brizola recebeu uma carta dizendo que tinha cinco dias para sair. Na época, os órgãos repressores dos países latino-americanos colaboravam entre si para a perseguição de seus opositores na chamada Operação Condor.
Sem saída e assustado depois das mortes quase seguidas de Lacerda, JK e Jango, Brizola resolveu, em suas próprias palavras, testar a política de apoio aos direitos humanos do presidente Jimmy Carter, pedindo asilo político à embaixada dos EUA. Para sua surpresa, os norte-americanos atenderam seu pedido.
Havia um obstáculo, porém. Na época, não se tinha vôos do Uruguai para o país. Brizola teria que ir para o Brasil ou para a Argentina para pegar o avião ou, ao menos, fazer escala. Ele sabia que se colocasse os pés em qualquer um dos dois países, seria preso. Com ajuda da CIA, foi para Buenos Aires, onde passou uma noite num apartamento não marcado de posse da própria organização. De lá, rumou para Nova Iorque em vôo sem escalas.
Brizola passou, ainda, por Portugal antes de poder retornar ao Brasil em 1979, com a Lei de Anistia. Criou o Partido Democrático Trabalhista, existente até hoje, e concorreu nas eleições presidenciais de 1989, terminando em terceiro lugar. Foi candidato a vice de Luís Inácio Lula da Silva em 1998, mas também saiu derrotado. Morreu em 2004 no Rio de Janeiro, vítima de infarto.
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