Com décadas de ficha limpa, ele entrou no Livro de Recordes ao iniciar uma série de crimes depois dos 80 anos
Recordes mundiais chamam atenção por diversos motivos, sejam eles qualitativos ou quantitativos; fazer algo que poucos conseguem ou até feitos inéditos surpreendem positivamente em meio a usualidade proporcionada pelo cotidiano, estampando manchetes de veículos de comunicação internacionalmente.
Contudo, um norte-americano figura o Guinness World Records com um feito nada positivo; J. L. Hunter Rountree tinha 91 anos ao entrar no guia de recordes no ano de 2003. A idade avançada poderia estar ligada a ser um dos homens mais velhos a realizar alguma atividade de alto desempenho ou concluir uma travessia, mas, na verdade, ele se tornava o assaltante de banco mais velho a ser condenado.
Três anos antes, quando tinha 88 anos, ele já estava em liberdade condicional por ter assaltado um banco no condado de Biloxi, no Mississippi. Contudo, decidiu novamente realizar o crime, dessa vez em Pensacola, na Flórida, sempre a mão armada. Perdendo o recurso de liberdade condicional, tornou-se o mais velho detento do sistema prisional norte-americano.
Dados os julgamentos contínuos, o crime de 1999 garantiu sua maior pena, visto que ele não foi preso no momento do crime, mas sim, capturado posteriormente pela polícia; em agosto de 2003, sua sentença foi concluída em 13 anos de prisão, ou seja; se concluída, ele sairia aos 104 anos de idade, como reportou a revista Galileu.
Quem vê a trajetória do idoso se surpreende ao descobrir que, durante grande parte de sua vida, o homem teve uma ficha limpa, longe das páginas policiais; a revista enaltece que suas práticas criminosas iniciaram aos 80 anos devido a problemas financeiros, obrigando-o a encontrar alguma outra forma de obtenção financeira.
Antes disso, Rountree trabalhou por anos com um negócio próprio direcionado a pesca e exploração marítima, cedendo guinchos de corrente de âncora. Contudo, ao se aposentar, não conseguiu acumular dinheiro suficiente para viver de maneira tranquila, além de se endividar em US$ 2 milhões para tentar investir em um negócio próprio de confecção de barcos.
Sem conseguir a correspondência financeira, acabou perdendo um estaleiro e decretando falência, sendo obrigado a retirar seus empréstimos e, de acordo com o próprio criminoso, o episódio foi suficiente para ele odiar os bancos, como relatou em entrevista ao jornal Orlando Sentinel em 2001.
Um banco [da cidade] de Corpus Christi [no Texas] com o qual fiz negócios me forçou à falência. Nunca mais gostei de bancos desde então”.
A falência não apenas culminou na perda de seus bens, mas o idoso se afundou no alcoolismo e passou a consumir drogas, tendo de lidar com a perda da esposa por um câncer de pulmão, com quem esteve do lado por 50 anos.
Três assaltos a banco são atribuídos ao estadunidense que, em 2004, foi transferido para o Centro Médico dos Estados Unidos para Prisioneiros Federais em Springfield, no Missouri, devido a piora em seu estado de saúde. Em 12 de outubro daquele ano, Rountree morreu aos 92 anos.