Documentário de 2023 explora relação entre o brutal crime cometido pelos irmãos Lyle e Erik Menendez, que mataram os próprios pais, e a boy band porto-riquenha Menudo
Publicado em 29/08/2024, às 20h00 - Atualizado em 31/08/2024, às 14h32
No próximo dia 19 de setembro, chega à Netflix a nova série documental true crime 'Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais'. Criada por Ryan Murphy e Ian Brennan, a obra será a mais nova adição à antologia 'Monstros', que começou com 'Dahmer: Um Canibal Americano', que fez grande sucesso em 2022.
Nesta nova narrativa, acompanharemos os desenrolares da investigação e de todos os fatos em torno de um crime que ocorreu em 20 de agosto de 1989, em Beverly Hills, na Califórnia, Estados Unidos: o assassinato de Jose e Kitty Menendez. O mais chocante sobre o caso: os responsáveis foram os próprios filhos do casal, Lyle e Erik, na época com 21 e 18 anos, respectivamente.
Hoje, Lyle e Erik Menendez — com 56 e 53 anos — continuam preso pelo crime ocorrido há mais de 3 décadas, sob pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, no Centro Correcional Richard J. Donovan, na Califórnia. Na época de seus primeiros julgamentos, lembrando terminaram assumindo o que fizeram, foram considerados responsáveis pelo assassinato de Jose e Kitty Menendez, interessados na fortuna da família.
No entanto, mesmo quando assumiram responsabilidade pelo ato atroz, negaram que a motivação tenha sido a fortuna familiar — principalmente de seu pai, um importante empresário da indústria do entretenimento —, mas trouxeram novas revelações sobre o caso: tudo teria acontecido por legítima defesa, após anos sendo abusados física, emocional e sexualmente pelo pai, que era acobertado por Kitty.
Apesar das novas acusações, que poderiam até mesmo diminuir a sentença de Lyle e Erik, o tribunal considerou que o que os irmãos alegaram não passavam de mentiras, e a acusação de assassinato permaneceu como tal, em vez de se tornar homicídio culposo.
+ Irmãos Menendez: Veja o que aconteceu com Lyle e Erik
Mas em 2023, foi lançado nos Estados Unidos um documentário com uma nova acusação de abuso sexual contra Jose Menendez, dessa vez envolvendo um membro de uma famosa boy band porto-riquenha nas décadas de 1970 e 1980. Em 'Menendez + Menudo: Boys Betrayed', o ex-Menudo Roy Rosselló afirma que, quando adolescente, também foi abusado pelo pai de Lyle e Erik Menendez. Entenda!
Segundo os depoimentos de Lyle e Erik Menendez, os abusos pelo pai começaram ainda na infância, quando Lyle tinha apenas 6 anos. Mas no documentário relacionado ao ex-Menudo, as acusações começam em cima de outra figura: Edgardo Díaz, empresário do grupo.
Segundo os depoimentos de Rosselló no documentário, Jose Menendez, na época executivo da RCA Records (que assinou um contrato multimilionário com o Menudo) havia abusado sexualmente dele na casa da família em Nova Jersey. Díaz teria oferecido Rosselló, na época apenas um adolescente, como uma forma de "selar" o acordo.
Conforme repercutido pela Rolling Stone, Rosselló foi membro do Menudo entre 1983 e 1986, tendo entrado na banda com apenas 13 anos. Nesse tempo, ele afirma ter sido estuprado continuamente por Díaz e, com o documentário, pretendia antes de mais nada levar Díaz à Justiça. Assim, se ele também pudesse ajudar os irmãos Menendez, tendo também sido abusado por Jose, ele o faria.
Dessa forma, 'Menendez + Menudo' se torna mais uma produção para revelar a terrível cumplicidade que, segundo várias fontes, permitia que empresários se aproveitassem dos jovens que entravam e saíam da boy-band (lembrando que os membros do grupo eram substituídos logo que completavam 16 anos). Na série, vemos como vários terríveis criminosos sexuais conseguiram ser encobertos pela mídia do maior fenômeno pop da América Latina.
Alegações sobre o lado obscuro do grupo Menudo já circulavam na mídia há décadas, mas com os novos depoimentos Rosselló buscou dar um passo além: não só preencheu um boletim de ocorrência na polícia em Los Angeles, como também permitiu que a equipe de 'Menendez + Menudo' acompanhasse cada etapa da declaração e do processo.
Ao longo do documentário, embora alguns questionem o motivo de o ex-Menudo ter demorado tanto para fazer acusações, é possível compreender o motivo pelo qual não ele, mas muitas vítimas de abuso sexual, não denunciam os crimes: desde sentimentos de vergonha e trauma, como até intimidação e um compromisso conflituoso, nesse caso, para manter intacta a ilusão e a fama do Menudo como uma banda que deixou muita gente feliz.
Agora, mesmo que Erik e Lyle Menendez já estejam detidos há mais de 3 décadas, esses depoimentos recentes e outras provas sobre o caso, como uma carta escrita por Erik a um primo meses antes do crime em que ainda relatava abusos, servem como motivação para novos julgamentos que ainda podem ocorrer nos próximos anos, que podem possibilitar que os irmãos não permaneçam atrás das grades pelo resto de suas vidas.
