Deficiente visual, Michael conseguiu escapar da tragédia graças ao auxílio de sua labradora
É um fato que cães-guias tornam o dia a dia de deficientes visuais muito mais fácil ao servir como seus olhos. Roselle, todavia, foi uma cachorra que cumpriu não apenas aquilo para o qual foi treinada, mas também garantiu a sobrevivência de seu dono em um momento de perigo, transformando-se em uma verdadeira heroína.
Michael Hingson, que sofre de cegueira e também era o dono da labradora dourada que protagoniza essa história, estava no World Trade Center, o complexo de escritórios dos Estados Unidos onde se localizavam as Torres Gêmeas, no dia em que desabaram.
Foi um dia marcado pela tragédia, a destruição e o luto. Em meio à tanta tristeza, todavia, um homem deficiente e sua cadela puderam escapar dos prédios sãos e salvos.
Roselle passava o dia com Michael, descansando embaixo de sua mesa no trabalho. Quando os aviões colidiram contra o local e todos começaram a fugir, ela foi fundamental para garantir que, a despeito de sua impossibilidade de enxergar o caminho, ele conseguisse seguir em direção à saída entre a multidão em desespero.
“Eu não estaria vivo hoje se não fosse por Roselle”, contou o estadunidense em uma entrevista para a revista People em 2011, uma década depois do ocorrido. Infelizmente, na data da publicação, a cachorra já havia falecido devido à idade avançada e a um distúrbio autoimune.
O desmoronamento da Torre 2 ocorreu pouco depois da dupla ter chegado ao lado de fora, de forma que eles ainda precisaram se esforçar para se afastar da área que era rapidamente enchida de poeira e destroços caindo do céu.
“Se eu não tivesse Roselle e dependesse de uma bengala, teria ficado muito mais vulnerável no caos e no pânico. Mas ela estava me guiando e eu a encorajando. Foi um verdadeiro trabalho de equipe”, relatou também Michael, que ficou em uma situação ainda mais vulnerável quando sua vida dependia de fugir rapidamente em um ambiente tomado por gritos e outros barulhos.
Felizmente, ele tinha sua labradora para substituir os sentidos que não podia usar naquele momento. O homem descreveu ao veículo que os dois possuíam uma relação “muito interdependente”, algo que também transpareceu durante a manhã de 11 de setembro, com um acalmando o outro.
A história inspiradora dos dois foi recontada por Hingson durante palestras inúmeras vezes após o trágico episódio, com o homem viajando através dos Estados Unidos para falar de sua experiência e permitir que mais pessoas conhecessem sua heroína canina.
“Ela era uma cadela incrível que me ensinou muito sobre paciência e amor incondicional. E quando me lembro de como ela se comportou naquela manhã de 2001, acho que a coisa mais poderosa que ela me ensinou foi que trabalhar juntos é a coisa mais poderosa que podemos fazer”, concluiu ainda o homem para a revista People.
A labradora morreu aos 13 anos de idade na presença de Michael e sua família.