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Matérias / Guerra dos Farrapos

Guerra dos Farrapos: Revolta gaúcha que desafiou Império completa 189 anos

Há 189 anos, em 20 de setembro de 1835, teve início a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, na então província do Rio Grande do Sul

Luiza Lopes Publicado em 19/09/2024, às 09h00

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"Carga de cavalaria Farroupilha", de Guilherme Litran - Wikimedia Commons via Domínio Público
"Carga de cavalaria Farroupilha", de Guilherme Litran - Wikimedia Commons via Domínio Público

Há 189 anos, em 20 de setembro de 1835, iniciou-se a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, assim chamada pelos trajes esfarrapados das tropas rebeldes.

O conflito ocorreu na então província do Rio Grande do Sul e foi a rebelião mais longa do Brasil imperial, durando até 1845. De um lado, estava o governo do Rio de Janeiro, sede do Império; de outro, as elites rio-grandenses, insatisfeitas política e economicamente.

Causas

Em entrevista ao site da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Leonardo dos Reis Gandia, doutorando em História Social pela mesma, explicou que os farrapos buscavam a deposição do presidente da província, Antonio Rodrigues Fernandes Braga, e queriam o direito de escolher os futuros presidentes e comandantes de armas.

A insatisfação com a administração imperial tinha raízes na derrota brasileira na Guerra da Cisplatina (1825-1828), que gerou prejuízos materiais e territoriais para os rio-grandenses.

Nesse sentido, no contexto da deflagração da rebelião, havia uma disputa intensa entre a administração da província e os estancieiros e charqueadores rio-grandenses acerca do controle e proteção das fronteiras com o Uruguai”, disse ao site.

Luta contra o Império

A Revolução Farroupilha foi predominantemente uma revolta de elite, liderada por figuras proeminentes como Bento Gonçalves da Silva, autor do célebre Manifesto que articulava as causas da revolução.

Outros líderes importantes incluíam José Mariano de Mattos, José Gomes de Vasconcelos Jardim, Antonio Vicente da Fontoura e GiuseppeAnita Garibaldi.

farrapos
Bento Gonçalves da Silva e Anita Garibaldi / Créditos: Wikimedia Commons via Domínio Público

Após a resistência inicial, Fernandes Braga abandonou Porto Alegre e foi para o Rio de Janeiro. Embora o movimento tenha considerado a rebelião encerrada temporariamente, a repressão intensificada pelo novo presidente da província, José de Araújo Ribeiro, reacendeu o conflito, relatou Gandia.

Em 11 de setembro de 1836, a República Rio-Grandense foi proclamada com sede em Piratini, embora a causa separatista não fosse unânime entre todos os líderes farroupilhas.

O prolongamento do conflito, combinado com cisões internas na elite farroupilha e a proximidade da Guerra Grande no Uruguai, levou o governo imperial a buscar uma solução negociada.Luis Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, foi enviado para pacificar a província.

Após alguns anos de combates com os rebeldes, aproximações com setores estratégicos da elite provincial e negociações bem-sucedidas com os farrapos, o Império, por meio de Caxias, reintegrou a província ao território brasileiro, com a assinatura da Paz de Ponche Verde”, destacou Gandia.

A assinatura marcou o fim da guerra, com o Império oferecendo generosas concessões à elite rebelde. Essas incluíam a reincorporação dos oficiais farroupilhas às forças imperiais, o pagamento das dívidas da província pelo Império, a garantia de que os presidentes seriam indicados pela elite provincial e uma anistia geral.

Escravizados

Escravizados também lutaram ao lado dos rebeldes sob a promessa de liberdade, mas, no final da guerra, muitos foram traídos. O episódio mais simbólico desse desfecho foi o Massacre de Porongos, onde tropas imperiais, supostamente com apoio de alguns líderes farroupilhas, atacaram e executaram dezenas de soldados negros.

“Porongos tornou-se um episódio muito simbólico do caráter elitista do movimento”, ressaltou Gandia.