Em continuação, Enola Holmes, irmã do lendário detetive Sherlock, se envolve em caso real; confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 08/11/2022, às 16h38 - Atualizado em 13/11/2022, às 14h00
'Enola Holmes' foi um filme de mistério e investigação lançado pela Netflix em 2020, em que os espectadores tiveram a oportunidade de acompanhar a jovem Enola — interpretada por Millie Bobby Brown —, irmã mais nova do lendário detetive Sherlock Holmes — personagem de Henry Cavill. Recentemente, a plataforma de streaming e produtora lançou a continuação, 'Enola Holmes 2', e um novo caso pôde ser solucionado.
No novo filme, Enola montar sua própria agência de detetives e tentar resolver o caso da menina desaparecida Sarah Chapman, interpretada por Hannah Dodd. Sarah trabalhava em uma fábrica de palitos de fósforo, e foi dada como desaparecida por sua irmã mais nova, Bessie, interpretada por Serrana Su-Ling Bliss.
À medida que Enola se aprofunda na busca por Sarah, ela logo percebe que esse mistério de pessoa desaparecida é muito maior do que esperava, e se vê envolvida em um caso de fraude, engano e assassinato. Confira a seguir o primeiro trailer de 'Enola Holmes 2':
No entanto, para a surpresa de muita gente, a trama de 'Enola Holmes 2', que até parece excessivamente elaborada para que pudesse ser real, tem um evento real retratado (CUIDADO, CONTÉM SPOILER).
Em 'Enola Holmes 2', Sarah Chapman é retratada como uma operária de uma fábrica de palitos de fósforo, e dançarina em um teatro local, até que é dada como desaparecida por sua irmã mais nova, Bessie, que pede ajuda para Enola — que logo se vê em uma missão para encontrá-la.
Porém, ao longo do filme Sarah revela-se não estar desaparecida, mas sim trabalhando para expôr as péssimas condições de trabalho da fábrica, que até mesmo envenenava meninas com fósforo branco.
Na vida real, Sarah Chapman nasceu em 1862, como informado pelo Cosmopolitan, e cresceu no extremo leste de Londres. Porém, ao contrário do filme, Sarah ainda morava com sua família enquanto trabalhava e não atuava em um teatro.
Aos 19 anos, ela trabalhava com sua mãe e sua irmã mais velha na fábrica de fósforos Bryant & May, e em 1888 se tornou uma peça fundamental no que veio a ser conhecida como 'a greve das Matchgirls'.
Em junho de 1888, membros da Fabian Society — grupo socialista britânico cujo propósito é promover os princípios da social-democracia através de esforços graduais — se reuniram e concordaram com um boicote à fábrica de matchmaking Bryant & May devido às más condições de trabalho e tratamento dos trabalhadores.
Tal como pode ser visto em 'Enola Holmes 2', as meninas da fábrica — que empregava majoritariamente mulheres — muitas vezes tinham seus salários descontados por falarem ou não 'trabalharem bem'. Além disso, elas trabalhavam até 14 horas por dia, e algumas sofriam de uma condição conhecida como mandíbula fóssil, causada pelo manuseio do fósforo branco no local.
Annie Besant, uma reformadora social, reuniu-se com os trabalhadores da fábrica e publicou um artigo chamado 'Escravidão Branca em Londres', sobre as condições em que as mulheres trabalhavam. A Bryant & May então tentou fazer com que as trabalhadoras assinassem uma declaração rejeitando as reivindicações, mas elas recusaram.
Então, finalmente, no dia 5 de julho de 1888, cerca de 1400 mulheres e meninas saíram da fábrica, devido as más condições de trabalho, e a 'Greve das Matchgirls' entrou para a História. Após o evento, Sarah Chapman e duas outras mulheres se reuniram com Annie Besant para ajudar na criação de um comitê de greve.
Ao longo dos anos, as mulheres organizaram reuniões públicas, obtiveram cobertura da imprensa e fizeram campanha por melhores condições de trabalho para os funcionários da fábrica. Com o movimento, a Bryant & May foi a falência em 1908, e a utilização do fósforo branco passou a ser proibida em fábricas.