Em 1935, o pai da psicanálise já explicava que não se poderia curar algo que não era doença
“A homossexualidade não pode ser considerada uma doença. Nós a consideramos como uma variante da função sexual”, resume o pai da psicanálise Sigmund Freud. O trecho pode ser lido em uma carta escrita pelo psiquiatra a uma mãe que o procura para pedir ajuda ao seu filho homossexual. Em 1935, ele já afirmava o que ainda é discutido nos dias de hoje: não existe cura gay.
Não oferecendo seus serviços para tratar a homossexualidade em si, acrescenta: “se ele se sentisse infeliz por causa de milhares de conflitos e inibições em relação à sua vida social, a psicanálise poderia lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência”. Isso seria feito para que, segundo Freud, ele “se aceite e se ame”.
Freud já entendia que a orientação sexual não poderia ser tratada em terapias, exatamente por não ser uma doença. O que pode ser feito, na verdade, é fazer um tratamento que cuide da saúde mental do indivíduo, que sofre com o preconceito da sociedade — tanto interiorizada quanto em relação a atos explicitamente homofóbicos.
“É uma grande injustiça e crueldade perseguir a homossexualidade como se fosse um crime”, desabafa o psicanalista. Ainda nos dias de hoje, é possível perceber como ser homossexual, — e ainda membro da comunidade LGBT+ no geral —, é viver em um contexto violento e que causa amedrontamento.
Segundo um relatório da organização Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgado em março de 2019, no Brasil, há uma morte por homofobia a cada 23 horas. De acordo com dados publicados pelo site do Senado, o Brasil é o país onde mais se assassina homossexuais no mundo. Ao redor do globo, esse cenário também não é diferente.
Freud ainda relembra à mãe preocupada que “grandes homens da antiguidade e da atualidade foram homossexuais, e entre eles algumas das figuras mais proeminentes da história, como Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci etc”.