Criada sem qualquer perspectiva de governar, a meninas assistiu o reino de seu pai cair em miséria e nunca teve notícias sobre o verdadeiro destino da família assassinada
Como Rei da França, o poderoso Luís XVI tinha uma grande pressão sobre seus ombros. Ao lado de Maria Antonieta, o monarca precisava conceder um herdeiro ao trono e demorou alguns anos até que seu primogênito nascesse.
Em dezembro de 1778, o Palácio de Versalhes conheceu o primeiro filho do Casal Real. Indo contra todas as expectativas, no entanto, a criança era uma menina, Maria Teresa Carlota, que não entraria na linha de sucessão da coroa.
Filha única por bastante tempo, então, a menina cresceu sob o título de Madame Real, sem quaisquer perspectivas em relação ao trono. Já um pouco mais velha, a herdeira sobreviveu à um dos episódios mais decisivos para o reino: a Revolução Francesa.
Lições em casa
Desde o dia em que aprendeu a andar, Maria Teresa foi absolutamente mimada pelo Rei da França. Encantado pela menina, Luís XVI presenteava sua filha com os melhores brinquedos e com as roupas mais caras.
Assim, sempre ao lado do pai, a menina cresceu desapegada da mãe, que se mostrava, por vezes, bastante distante. Maria Antonieta, por sua vez, fazia o que estava ao seu alcance para que a criança não se tornasse uma nobre superficial.
Sempre que podia, então, a Rainha da França ensinava sobre o sofrimento alheio para a herdeira. No fundo, Maria Antonieta tinha medo que sua filha fosse reconhecida como uma jovem materialista que, assim como ela, era conhecida por ignorar os pobres.
O começo de um pesadelo
Em 1789, quando Maria Teresa tinha apenas 11 anos, a frenética Revolução Francesa tomou conta do território comandado por Luís XVI. Com uma nação em dívida, um povo descontente e um sentimento anti-monárquico, o país estava prestes a explodir.
Conforme a revolta se espalhava, membros da Família Real passaram a se exilar em países vizinhos, a imponente Prisão da Bastilha caiu e, dois meses mais tarde, o Palácio de Versalhes foi invadido. Não havia outra opção, Maria Teresa, seu irmão, Luís XVII, e seus pais deveriam fugir para Paris.
Uma vez instalados no Palácio de Tulherias, eles conquistaram o falso sentimento de proteção e de que poderiam seguir com suas vidas. A política, no entanto, estava cada vez mais complexa e Maria Antonieta percebeu que sua família estava em perigo.
Fuga para as colinas
Foi apenas com a ajuda de aristocratas que o rei, a rainha e seus filhos puderam fugir para o território do Sacro Império Romano Germânico. A tentativa de fuga, entretanto, foi descoberta e os monarcas foram levados de volta para Tulherias.
Agora considerados traidores e fugitivos, os nobres assistiram de camarote quando o Palácio foi invadido pelo povo, em 1792. Juntos, eles conseguiram fugir para a assembleia nacional, mas foram detidos logo que a monarquia foi abolida.
Presos, e condenados à guilhotina, diversos familiares de Maria Teresa foram decapitados, inclusive Luís XVI e Maria Antonieta, entre 1793 e 1794. Em cárcere, ela não tinha noção de tempo e nunca soube o verdadeiro destino de seus pais. Mais uma vez, a jovem sentiu-se sozinha e infeliz.
Adeus, querida França
Ao final da Revolução Francesa, Maria Teresa foi libertada e escolheu partir para Viena, onde foi recebida por seu primo Francisco II, o Sacro-imperador Romano-Germânico. De lá, a jovem viajou para a Lituânia, onde foi prometida em casamento à Luís Antônio, o Duque de Angoulême, herdeiro do trono.
Graças ao casamento, a filha de Maria Antonieta sentiu que voltaria a fazer parte de uma família, mesmo após tantos anos de solidão. Ao lado do marido infértil, mas leal, Maria Teresa nunca teve filhos e conseguiu colocar os pés na França pela última vez, em 1814.
Conhecida como Órfã do Templo, ela defendeu a monarquia até seus últimos suspiros. Depois da Revolução de 1830, contudo, a família foi novamente forçada a deixar o país e procurar refúgio em outros territórios. Em Praga, o último de seus destinos, Maria Teresa morreu, viúva de seu amado, em 19 de outubro de 1851, aos 72 anos.
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