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Matérias / Da Vinci

O fenômeno documentado por Da Vinci que só foi desvendado anos depois

Um verdadeiro gênio de seu tempo, Leonardo da Vinci documentou fenômeno no século 16 que só foi desvendado recentemente; entenda!

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 25/08/2024, às 20h00 - Atualizado em 30/08/2024, às 18h11

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Montagem com retrato de Leonardo da Vinci - Foto por Мария Агейкина pelo Pixabay / Getty Images
Montagem com retrato de Leonardo da Vinci - Foto por Мария Агейкина pelo Pixabay / Getty Images

Quando falamos sobre Leonardo da Vinci, muitas pessoas pensam logo nele como um gênio da arte renascentista, responsável por criar "Salvator Mundi", "A Última Ceia" e, sua obra mais notável, a "Mona Lisa". Porém, ele foi muito além.

Graças aos seus feitos, ele pode ser considerado, hoje, um polímata. O artista se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico, e foi um verdadeiro gênio de seu tempo.

Além disso, ele foi quem imaginou os fundamentos do que se tornariam os paraquedas, os tanques de guerra, helicópteros, aviões e até robôs. E antes mesmo de Isaac Newton, ele já havia compreendido o conceito de gravidade.

Outro fenômeno fascinante que ele documentou, ainda no século 16, que podemos observar em nossas próprias casas todos os dias, é o salto hidráulico — como quando abrimos a torneira para escovar os dentes, e a água se espalha por todos os lados no mesmo momento em que toca a superfície, antes de finalmente descer pelo ralo.

Até alguns anos atrás, pensava-se que isso ocorria simplesmente pela gravidade, mas, em 2018, foi finalmente demonstrada outra explicação para este fenômeno observado por da Vinci.

Importância

Conforme Rajesh Bhagat, um estudante de doutorado em engenharia química da Universidade de Cambridge, na Inglaterra — conforme repercutiu a BBC em 2018 —, a compreensão do fenômeno do salto hidráulico é importante, pois, com isso, o consumo de água poderia ser reduzido drasticamente.

"Como começamos o dia? Tomando banho com uma ducha que usa entre 40 e 60 litros de água. E já vimos em locais como a Cidade do Cabo (África do Sul) como a falta de água obrigou a racionar este recurso nos últimos dois anos", disse o cientista à BBC.

Se compreendemos o salto hidráulico e como a água se espalha, podemos entender como economizar água. Saber como manipular o limite de um salto hidráulico é muito importante, e, agora, com essa teoria, podemos facilmente ampliar ou reduzir esse limite", afirmou ele.

Compreendendo o fenômeno

Sobre o salto hidráulico em si, Bhagat explicou que a alteração repentina da profundidade do líquido ou da espessura desa camada, quando se espalha ao tocar qualquer superfície, chama atenção, pois, "qualquer que seja o ângulo ou a direção do jato, vimos em gravações com câmeras de alta velocidade que o salto hidráulico é o mesmo".

"O experimento nos indicou que a causa poderia ser qualquer uma, menos a gravidade", afirmou ele. Em vez disso, outras características físicas da água que poderiam justificar esse movimento são a tensão superficial da água e sua viscosidade.

Se a camada do líquido é fina, a tensão superficial é muito importante", destaca. "O que acontece é que o líquido tem um momentum, uma determinada força o empurra adiante, mas a tensão superficial o empurra na direção contrária, porque quer contraí-lo e, em certo ponto, essas forças se equilibram, e ali ocorre um salto hidráulico".

Vale mencionar que a tensão superficial é medida através da coesão existente entre as moléculas de um líquido. Em outras palavras, é como se fosse a força que um objeto precisa superar para atravessar ou afundar em um líquido.

Ou seja, é graças à tensão superficial que alguns insetos conseguem caminhar sobre a água — pois, sendo muito leves, não rompem a coesão entre as moléculas —, ou que quando enchemos um copo, às vezes o nível de água ultrapassa um pouco a altura do recipiente.

Inseto andando sobre a água / Crédito: Foto por KKPCW pelo Wikimedia Commons

Descoberta inovadora

A partir de uma série de experimentos, Bhagat realizou alterações na tensão superficial e na viscosidade da água, ao ponto de até mesmo prever precisamente o tamanho dos saltos hidráulicos, independente da direção da água. Essa descoberta, segundo o professor Paul Linden — diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica da Universidade de Cambridge — foi "inovadora".

Seus experimentos e teoria mostram que a tensão superficial do líquido é a chave do processo, e nunca antes se havia reconhecido isso, apesar de o problema ter sido discutido por Da Vinci e muitos outros desde então", afirma o professor em estudo publicado na revista Journal of Fluid Mechanics. "Esse trabalho representa um feito notável para nossa compreensão da dinâmica das finas capas de fluidos".

Por fim, Bhagat ainda disse à BBC que, com a nova teoria, podem surgir diferentes maneiras de identificar formas mais eficientes de "limpar tudo, de automóveis a equipamentos de fábricas".

"Se compreendemos o salto hidráulico e como a água se espalha, podemos entender como economizar água. Saber como manipular o limite de um salto hidráulico é muito importante, e, agora, com essa teoria, podemos facilmente ampliar ou reduzir esse limite", conclui.