Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Rolling Stones

Em 1969, show gratuito dos Rolling Stones acabou em tragédia e chocou fãs

Em 1969, um show gratuito dos Rolling Stones acabou em tragédia após a morte de um espectador; gravações mostram desabafo da banda

Redação Publicado em 01/09/2024, às 12h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Os Rolling Stones em ensaio fotográfico - Getty Images
Os Rolling Stones em ensaio fotográfico - Getty Images

Após o trágico concerto gratuito dos Rolling Stones em Altamont, Califórnia, no final de 1969, que resultou na morte de um espectador, o vocalista Mick Jagger foi tomado pelo medo.

Os relatos do artista foram registrados numa fita de arquivo recém-lançada – originalmente gravada durante longas entrevistas do jornalista Robert Greenfield com a banda e sua comitiva em 1972 – e oferecem uma visão do estado mental de Jagger durante aqueles anos precários.

"Ou eu parava de fazer turnês ou não. Era simples assim. Algumas pessoas me disseram para não ir – amigos meus. Eles disseram: 'Você tem que ser mais cuidadoso, você não pode ir'. Eu disse: 'Bem, é mais ou menos o que eu faço, então eu tenho que fazer'", disse Jagger. "Ou eu faço ou não faço. Se eu não fizer, o que vou fazer? Houve alguns lugares onde ficou assustador e muitas armas foram confiscadas e coisas assim. Não diga que eu não estava com medo – eu estava morrendo de medo".

A tragédia

Os Stones tinham acabado de lançar o clássico "Let It Bleed" em dezembro de 1969 quando organizaram um show gratuito no Autódromo de Altamont. Para manter a multidão sob controle, contrataram membros do clube de motociclistas Hells Angels como segurança, explicou o San Francisco Chronicle no ano passado.

Apesar da expectativa em torno do novo álbum, o dia começou mal; Jagger foi socado no rosto por um espectador irritado logo após desembarcar do helicóptero da banda, e o caos se intensificou quando os membros dos Hells Angels começaram a bater nas cabeças dos fãs com tacos de sinuca para tentar manter a ordem.

Embora a violência tenha continuado durante a tarde (o cantor do Jefferson Airplane, Marty Balin, foi derrubado durante o show), a situação se agravou tragicamente quando Meredith Hunter, um fã negro de 18 anos que estava próximo ao palco, sacou uma pistola do casaco.

Hunter foi rapidamente atacado por um membro da segurança dos Hells Angels, que o esfaqueou pelo menos seis vezes enquanto a banda continuava tocando, temendo um motim se parassem a música (só perceberam depois que alguém havia sido morto).

A morte de Hunter foi capturada em filme pelos cineastas Albert e David Maysles, que incluíram as imagens no documentário rock "Gimme Shelter" de 1970.

A essa altura, o concerto já havia gerado uma onda de má imprensa para os Rolling Stones, muitos acreditavam que eles falharam ao contratar uma equipe de segurança com reputação violenta.

"Acho que isso nos afetou muito profundamente. A única coisa que nos deixou muito chateados foi sermos acusados e responsabilizados pelo ocorrido", disse o ex-guitarrista Mick Taylor nas gravações. "E você realmente não pode culpar ninguém nesse tipo de histeria em massa. As pessoas na América sabem que os Hells Angels são uma organização violenta. Por essa razão sozinha, acho que eles não deveriam ter sido contratados como seguranças".

Medo

Claro, a má imprensa não se limitou aos Stones – e os Hells Angels também ficaram descontentes com o fato de a banda tê-los deixado na mão após o show.

Greenfield lembrou rumores de que essa ira poderia significar um possível ataque contra Jagger, levando os roqueiros a reforçarem suas medidas de segurança.

"Você está sempre sujeito a ser baleado no palco. Você está sempre ciente disso", disse o ex-baixista Bill Wyman. "Você não pensa nisso, mas qualquer pessoa sensata pensaria que há uma possibilidade em algum momento ou outro de algum lunático... quero dizer, já fomos atingidos por uma arma de ar comprimido no palco antes. [O baterista Charlie Watts levou uma bala na bochecha]".

Apesar do medo de Jagger, o grupo perseverou e acabou retornando à América em 1972 para a turnê "Stones Touring Party".

Alan Passaro, membro dos Hells Angels que esfaqueou Hunter, foi posteriormente absolvido da morte do jovem após um júri concluir que ele agiu em legítima defesa porque Hunter estava armado. A investigação foi oficialmente encerrada em 2005, 20 anos após a morte por afogamento de Passaro.