Já considerado um sucesso mundial, o Rei do Pop nunca havia comemorado a data cristã
Criado em uma família de Testemunhas de Jeová, a infância de Michael Jackson foi marcada pela rigidez, publicamente conhecida e corroborada por outros familiares. Desde os 5 anos sendo coberto pela imprensa, os ensaios exaustivos e apresentações pelo mundo ao lado dos irmãos pelo grupo Jackson 5 fizeram a rotina de sua juventude ser abarrotada de compromissos.
Por outro lado, no âmbito pessoal, o pouco espaço na agenda e o constante convívio com os irmãos não facilitava ao tentar viver as principais descobertas da idade. Em decorrência da religião adotada pelos pais, uma curiosa comemoração era passada em branco durante os seus anos iniciais.
Sua mãe Katherine e o pai Joseph não organizavam comemorações natalinas, deixando de lado os populares pinheirinhos decorados, luzes pisca-pisca e a troca de presentes — mesmo obrigando os garotos a gravarem um álbum comercial de natal, em 1973.
No âmbito familiar, faziam questão de enaltecer aos filhos que a interpretação de Testemunhas de Jeová sobre a comemoração não era certa, se embasando na passagem bíblica de Lucas 22:19, 20, de que Jesus mandou comemorar sua morte, não seu nascimento.
Apesar de atravessar o sucesso sem comemorar o Natal, abominado por sua família, um racha com os parentes no início dos anos 1990 foi responsável por afastar Michael da religião; LaToya Jackson não apenas havia irritado o irmão ao estampar seu nome na capa da Playboy, mas afirmou acreditar nas acusações de pedofilia do cantor, conforme recorda matéria da Monet.
O irmão Jermaine, por outro lado, lançou a música “Word to the Badd", na qual assumiu em entrevista ao LA Times que tratava-se de uma provocação pública descrevendo o Rei do Pop como alguém que “se perdeu” e estava “fora da realidade”, principalmente após ligar para Michael por oito meses e não ser atendido.
Por tal reunião de fatos, o distanciamento ocasionou em uma aproximação entre Michael e a melhor amiga, Elizabeth Taylor, que se surpreendeu ao descobrir que o astro nunca havia realizado uma grande festança natalina.
Ciente disso, ela fez questão de ajeitar tudo para o amigo, conforme relatou o cantor no “Michael Jackson's Private Home Movies”, especial de duas horas da emissora norte americana Fox.
A famosa mansão de Michael Jackson era finalmente o palco para a primeira tentativa: “Ela decidiu transformar a Neverland no primeiro Natal do rancho”. Bolinhas e luzes marcavam os arbustos cuidadosamente podados pela equipe do cantor, que foi recebido pela amiga com presentes em embrulhos coloridos.
“Eu tenho conversado com ele há uns cinco anos sobre celebrar o Natal em Neverland. [...] Quando ele deixou de ser Testemunha da Jeová, eu disse pra Michael que eu achava que o Natal é uma ótima maneira de celebrar amor, é uma celebração do amor. E eu não consigo imaginar o Natal sem Michael, nem Michael sem Natal", disse Taylor na gravação.
Jackson manifestou alegria, mas compartilhou a culpa inicial: “Foi realmente uma surpresa. [...] Lembro que depois eu fui chorar no banheiro... Parecia que eu tinha feito algo errado, porque eu fui criado para não comemorar o Natal".
Por fim, nas gravações caseiras, ele fica empolgado ao abrir seus primeiros presentes; além de um casaco vermelho, ganha três armas de água, usada em umas das brincadeiras favoritas do astro no rancho.