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Matérias / Personagem

Emily Brontë, a melancólica autora de 'O Morro dos Ventos Uivantes'

Com dois de seus trabalhos publicados, a escritora inglesa teve uma vida curta e sequer acompanhou a dimensão de sua fama

Victória Gearini Publicado em 19/09/2021, às 10h00 - Atualizado em 10/12/2021, às 11h00

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Emily Brontë, romancista e poetisa inglesa - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons
Emily Brontë, romancista e poetisa inglesa - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Em meados de 1847, Emily Jane Brontë publicou uma o livro que se tornaria uma das maiores obras da história da literatura. Mal sabia ela que 'O Morro dos Ventos Uivantes' seria tão aclamado, um verdadeiro clássico para os amantes da leitura.

Pouco se sabe, no entanto, sobre a vida da autora. Na obra 'Queens of Literature of the Victorian Era', escrita por Eva Hope em 1886, a autora é descrita como uma mulher peculiar, tímida e reclusa. Nascida no condado de York, no Reino Unido, a poetisa e romancista ainda assim é considerada uma das maiores escritoras da literatura mundial.

Os primeiros contatos com a escrita

Nascida em 1818, no vilarejo de Thornton, na Inglaterra, Emily era filha de Maria Branwell e Patrick Brontë. Com apenas três anos de idade, a futura escritora perdeu a sua mãe, vítima de um câncer. Após a morte da matriarca, a menina foi enviada para a Escola das Filhas do Clero em Cowan Bridge, ao lado de suas irmãs, Maria, Elizabeth e Charlotte.

No local, as crianças sofreram abusos e privações. Além disso, devido às más condições  da escola, suas irmãs Maria e Elizabeth acabaram contraindo febre tifóide, vindo a óbito respectivamente.

Mais tarde, as três irmãs que sobreviveram e seu irmão Branwell, foram educados em casa por seu pai e tia Elizabeth Branwell. Desde cedo, Emily já demonstrava interesse pela literatura e teve acesso a vários autores, comoLord Byrone Mary Shelley.

Quando tinha 13 anos, a aspirante a escritora e sua irmã Anne começaram a escrever suas próprias histórias. No entanto, seus escritos não foram preservados, restando apenas algumas páginas soltas, como uma espécie de "diário". Aos 17 anos, a jovem passou a frequentar a Roe Head Girls 'School, mas ficou pouco tempo, pois logo a saudade de casa a fez retornar ao lar.

Irmãs Brontë, em uma pintura de 1834 / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Dois exemplares vendidos

Embora a sua vocação para a escrita, Emily vendeu apenas dois exemplares ao longo de sua vida. Em 1845, começou a escrever o clássico O Morro dos Ventos Uivantes, que foi concluído no ano seguinte e publicado em 1847, em dois volumes — junto com Agnes Grey, de Anne. Já o livro de poemas Jane Eyre, foi escrito em conjunto com suas irmãs Charlotte e Anne e lançado em 1846.

Na época, os críticos reconheceram a força dramática da história de amor e ruína que permeia O Morro dos Ventos Uivantes. No entanto, algumas pessoas a acusaram de propagar “violência psicológica”, já outras alegaram que as imagens eram as mais chocantes e piores representações de humanidade.

Emily Brontë, por sua vez, nunca soube a dimensão da fama que atingiu com seu único romance publicado. A renomada escritora veio a falecer um ano após o lançamento do clássico, que até hoje é referência na literatura mundial.

Poemas de Emily / Crédito: Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Melancólicos momentos finais 

Discreta e com poucos amigos, a romancista era conhecida por ser uma pessoa extremamente tímida e reclusa. Ainda segundo alguns biógrafos, sua condição beirava à misantropia — aversão ao ser humano e à natureza humana como um todo. Em seus últimos anos de vida, a autora enfrentava também problemas de saúde. 

Acredita-se que as condições insalubres do ar, atreladas a um forte resfriado que rapidamente evoluiu para uma tuberculose, tenham resultado na morte da romancista, no dia 24 de setembro de 1848.

Segundo Mary Robinson, uma das primeiras biógrafas de Emily, a poetisa morreu sentada em seu sofá. No entanto, em uma carta escrita pela sua irmã Charlotte, a mulher menciona que o cachorro da autora, Keeper, estaria deitado ao lado de sua cama no momento de sua morte. 

No fim de sua vida, a escritora estava tão magra, que seu caixão media apenas 40 centímetros de largura. Posteriormente, seus restos mortais foram enterrados no cofre da família, localizado em St Michael and All Angels 'Church, Haworth.


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