Aclamado filme de Tarantino, 'Django Livre' acompanha um escravo libertado tentando salvar a esposa de um cruel dono de plantação nos EUA do século 19
Publicado em 04/08/2024, às 17h00 - Atualizado em 05/08/2024, às 07h22
No último domingo, 4, foi exibido na TV Globo o filme 'Django Livre'. Na história, acompanhamos uma intensa, divertida e violenta trama de faroeste, ambientada nos Estados Unidos escravagista do século 19.
Lançado em 2012, 'Django Livre' foi a primeira aventura no gênero western de Quentin Tarantino.
"No sul dos Estados Unidos, o ex-escravo Django faz uma aliança inesperada com o caçador de recompensas Schultz para caçar os criminosos mais procurados do país e resgatar sua esposa de um fazendeiro que força seus escravos a participar de competições mortais", descreve a sinopse do filme.
Além da forte marca narrativa de Quentin Tarantino, o filme ainda conta com atuações de Jamie Foxx dando vida ao protagonista e Christoph Waltz como seu companheiro, o dentista e caçador de recompensas Schultz. Isso sem mencionar Leonardo DiCaprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson — um dos maiores parceiros cinematográficos de Tarantino.
'Django Livre' é uma obra que aborda de maneira direta e brutal temas como racismo e escravidão, enquanto ambientado num período histórico próprio dos Estados Unidos. Além disso, os fãs de Tarantino também sabem como o cineasta já se inspirou em eventos reais para criar outros filmes, como 'Bastardos Inglórios' (2009) e 'Era uma Vez em... Hollywood' (2019).
Logo, paira a dúvida: afinal, 'Django Livre' é baseado em alguma história real? Bom, o longa-metragem não conta uma história verdadeira, no entanto, se apropria de elementos curiosos, explica o ScreenRant.
Em uma das primeiras cenas, na qual Django é resgatado por Schultz, é apresentado que o filme se passa em 1858. Nesse período, os Estados Unidos enfrentavam uma série de diferenças políticas, sociais e econômicas entre o Norte e o Sul do país, sendo uma das pautas principais da época a escravidão, que era apoiada pelo Sul, mas não pelo Norte.
Por isso, o racismo e a escravidão são temas bastante inerentes à obra, mesmo que sirva principalmente como pano de fundo para o que é, na verdade, uma intensa e brutal narrativa de conquista e vingança.
Como já mencionado, os filmes de Tarantino quase sempre possuem referências à cultura pop e ao cinema, sendo o cineasta assumidamente um grande amante da sétima arte.
Por isso, não é surpresa que uma das maiores inspirações para 'Django Livre' é o filme italiano 'Django', lançado em 1966 e dirigido por Sergio Corbucci, onde acompanhamos um homem que busca vingar a morte da sua esposa. Inclusive, o ator Franco Nero, que parte do Django original, fez uma aparição especial no filme de 2012.
Outro filme que serviu como referência foi 'Mandingo - O Fruto da Vingança', dirigido por Richard Fleischer e lançado em 1975. Em referência aos Mandingos, um povo que era descrito no século 19 como "bons escravos para lutas", este longa é sobre o filho de um dono de plantação que tem um caso com uma escrava.
Além disso, outra possível inspiração, nunca confirmada por Tarantino, é a figura de Bass Reeves, um marechal afro-americano e o primeiro delegado negro dos EUA no Oeste, que prendeu 3 mil foragidos e matou 14 homens ao longo de sua vida. Ele nasceu como escravo em julho de 1939, foi liberto durante a Guerra Civil Americana, passando então a viver junto aos nativos americanos Cherokee, Creeks e Seminoles. Ele faleceu em 12 de janeiro de 1910, aos 71 anos, de insuficiência renal crônica.
+ Conheça Bass Reeves, o primeiro delegado negro da história
Apesar das claras referências históricas e cinematográficas, Tarantino não deixa de distorcer vários destes elementos para dar seu próprio toque à obra, apresentando inclusive inconsistências propositais.
Por exemplo, a luta de Mandingo no filme, que não possui nenhuma evidência histórica real, e o surgimento da Ku Klux Klan (apresentado como o grupo dos "Reguladores"), que só foi formada cerca de uma década depois.
