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Matérias / Personagem

As tristes cartas de Marilyn Monroe antes de sua morte

Em um livro que reuniu os escritos íntimos da atriz, alguns de seus maiores medos, angústias e problemas foram revelados

Penélope Coelho Publicado em 16/08/2020, às 08h00

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Marilyn Monroe após seu divórcio - Divulgação
Marilyn Monroe após seu divórcio - Divulgação

"Como posso interpretar uma menina tão feliz, juvenil e cheia de esperanças? [...] Buscar a maneira para interpretar este papel, desde sempre minha vida inteira me deprimiu". Escreveu a icônica atriz norte-americana e símbolo reconhecido internacionalmente como sinônimo de beleza e sensualidade, Marilyn Monroe, em 27 de agosto de um ano desconhecido.

Esse lado particular que a estrela descreve em seu texto foi revelado para os seus inúmeros fãs ao redor do mundo, somente quatro décadas depois de seu falecimento inesperado.

A revelação de uma faceta da artista que poucos conheciam veio a público em 2010, através da obra intitulada como Fragmentos. O livro resgatou poemas, anotações íntimas e cartas escritas por Monroe, evidenciando seus medos e traumas.

Quando faleceu em 4 de agosto de 1962, a mulher havia destinado 75% de seus bens materiais para o amigo Lee Strasberg, diretor do famoso Actors Studio. Entre imóveis, roupas, joias e afins estavam também alguns textos que a atriz escreveu ao longo da vida, entre as gravações de um filme, ou, uma noite solitária em um quarto de hotel. Seus manuscritos foram reunidos no livro editado Bernard Comment.

Monroe em cena no ano de 1952 / Crédito Wikimedia Commons

Cartas angustiantes

Mesmo que poucos soubessem, Marilyn era uma leitora assídua e interessada em diferentes temas, por manter o costume de ler, a estrela passou também a escrever alguns relatos sobre seus dias, em diários, pequenos textos ou cartas.

Através da escrita o ícone de Hollywood demonstrava que algo dentro dela não estava bem. Seus relatos tristes começam quando Monroe ainda era muito jovem, com somente 17 anos. Como divulgou o portal de notícias G1, em 2010: “Minha vida chegou a ser equilibrada", escreveu a atriz no ano em que se casou com Jim Dougherty.

Já na década de 1950, quando a intérprete já era uma diva do cinema, algumas inseguranças estavam dominando a cabeça da mulher que era vista como sex symbol pela maioria dos homens da época: “Só! Estou só. Sempre estou, aconteça o que acontecer".

Apesar de seu talento inegável, no mesmo período, Monroe escreveu:

"Tenho medo de fazer novos filmes porque talvez não tenha capacidade de fazê-los, as pessoas vão pensar que não sou uma boa atriz, vão rir ou, inclusive, vão pensar que não sei atuar [...] Tento me recuperar dizendo a mim mesma que fiz coisas bem feitas e que tive momentos excelentes, mas mesmo assim não tenho confiança, sou deprimida, louca", escreveu a artista no auge de sua carreira.

A atriz em photoshoot / Crédito: Divulgação/Klimbim

Depressão

Uma preocupação recorrente da atriz era o seu estado de saúde mental. É perceptível que a diva gostaria de estar bem e lutava para tal, porém, muitas vezes não conseguia. Contudo, durante as internações que passou na recorrente busca por uma melhora, a artista se sentia ainda pior.

Em cartas desesperadas que redigiu ao amigo Lee Strasberg e sua esposa Paula, Marilyn basicamente grita através das palavras que escreveu durante o período em que esteve internada na Clínica Psiquiátrica Payne Whitney, em Nova York.

“Tenho certeza que acabarei louca se continuar vivendo esse pesadelo [...] Por favor, Lee, ajude-me, este é o último lugar no qual deveria estar. Talvez chamando o doutor Kris e dizendo que tenho uma boa saúde mental”.

Em outro texto Marilyn diz que foi questionada por seu psiquiatra sobre como ela conseguia trabalhar se estava deprimida, em resposta, a atriz escreveu em seu caderno: “Greta Garbo, Charlie Chaplin e talvez também Ingrid Bergman, às vezes, trabalharam quando estavam deprimidos”. Os escritos deixam claro que uma das mulheres mais inspiradoras do cinema, estava na verdade, vivendo uma constante batalha interna.


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