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Matérias / Personagem

De amante do Rei Sol a acusação de bruxaria: a polêmica madame de Montespan

Apesar de ser casada e ter dois filhos, La Montespan, como era conhecida, se envolveu amorosamente com Luís XIV e foi responsável por um dos maiores escândalos do período

Fabio Previdelli Publicado em 19/06/2020, às 08h00

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Retrato contemporâneo de Francisca de um artista desconhecido - Wikimedia Commons
Retrato contemporâneo de Francisca de um artista desconhecido - Wikimedia Commons

Francisca Atenas de Rochechouart, mais conhecida como madame de Montespan, foi a mais famosa amante do rei Luís XIV da França, com quem teve sete filhos. Nascida em uma das mais antigas e nobres famílias do país, pertencente a Casa de Rochechouart, Francisca foi chamado por muitos como “a verdadeira rainha da França” por seu relacionamento com o monarca.

Entretanto, apesar do prestígio, ela caiu em desgraça depois de ser acusada de bruxaria no evento que ficou conhecido como O Caso dos Venenos.

O início da vida

Nascida em 5 de outubro de 1640, foi batizada no mesmo dia no castelo de Lussac-les-Châteaux. Filha de Gabriel de Rochechouart, Duque de Mortemart, e de Diana de Grandseigne — uma dama de companhia de Ana da Áustria, rainha consorte da França —, possuía o sangue de duas das mais antigas famílias nobres do país.

Madame de Montespan em 1660 / Crédito: Wikimedia Commons

Em 1658, deixou o Convento de Las Saintes e passou a adotar o nome de Mademoiselle de Tonnay-Charente, conseguindo chegar à corte com a ajuda da rainha Ana. Aos 20 anos, tornou-se uma dama de honra da cunhada do rei, Henriqueta Ana de Inglaterra, e três anos depois, em 28 de janeiro de 1663, casou-se com Luís Henrique de Pardaillan, Marquês de Montespan. A união gerou dois frutos: Maria Cristina e Luís Antônio de Pardaillan, o duque d'Antin.

Mas isso não impediu que ela se envolvesse amorosamente com Luís XIV, o qual conheceu em 1666. Já entediado de sua primeira favorita, Luísa de La Vallière, o Rei Sol passou a se envolver com Francisca em menos de um ano. Conhecedor da traição, o Marques de Montespan promoveu um grande escarcéu sobre o caso e acabou preso em em For-l'Évêque, sendo exilado algum tempo depois.

A partir daí, a Marquesa passou a figurar como a amante oficial do monarca, ‘função’ da qual ocupou por 13 anos, ficando conhecida como uma mulher ardilosa e traiçoeira. Após a morte de Henriqueta, em 1670, passou ao serviço da rainha, Maria Teresa de Áustria, como sua dama de companhia.

La Montespan, como passou a ser chamada na corte, não perdia uma oportunidade sequer para irritar e humilhar a pobre rainha, dizendo injúrias sobre ela para amigos próximos: "Esta prostituta é minha sentença de morte!".

Enquanto Francisca ostentava o título de maîtresse-en-titre (amante real), Luís XIV se envolvia com outras mulheres, como Maria Angélica de Fontanges e Madame de Maintenon, que foi escolhida pela própria Montespan para servir de governanta para seus filhos com o rei.

Apesar de não saber qual o real interesse do monarca por Maintenon, uma mulher considerada gentil e generosa, ela declarou uma vez a governanta, que o rei possuía três amantes: "Eu possuo o título, Fontanges, desempenha o cargo, e você possui o coração!".

O escândalo real e a queda

O começo do fim do reinado de La Montespan entrou em erupção em setembro de 1677. Na época, o elo entre o Rei Sol e Francisca já estava meio abalado por conta do temperamento arrogante dela.

Luís XIV, o rei Sol / Crédito: Wikimedia Commons

Como se isso não bastasse, uma série de envenenamentos começou em Paris e Catherine Deshayes, uma suposta feiticeira francesa, foi interrogada no caso e denunciou várias mulheres nobres que fariam parte de sua lista de clientes. Surpreendentemente, entre elas, estava o nome de Montespan.

Durante o interrogatório de Marie Marguerite Monvoisin, filha da bruxa, ela admitiu ter visto a amante real praticando rituais macabros com sua mãe e que juntas, teriam até sacrificado uma criança para coletar seu sangue — juntamente com suas entranhas —, que foi posto em um frasco e que seria usado para enfeitiçar o rei. O evento ficou conhecido como o Caso dos Venenos.

Temendo ser zombado por tudo isso, o monarca arranjou um jeito de abafar o escândalo e encobrir o crime de sua amante, que continuou na corte como se nada tivesse acontecido — participando, inclusive, de festas e jantares com Luís XIV. Porém, desde então, o rei passou a desprezá-la, sem comer nem beber nada que ela lhe oferecesse.

Em 1691, não mais a favor da realeza, Madame de Montespan retirou-se para o convento Filles de Saint-Joseph, em Paris, com uma pensão de meio milhão de francos. Em gratidão por sua partida, o rei fez de seu pai o governador de Paris e seu irmão, o duque de Vivonne, um marechal da França.

Em sua longa aposentadoria, Madame de Montespan doou vastas quantias para hospitais e instituições de caridade. Ela também foi uma patrocinadora generosa das artes e das letras e fez amizade com Pierre Corneille e Jean Racine, dois dos três grandes dramaturgos franceses do século 17; e de Jean de La Fontaine, um fabulista francês e um dos poetas franceses mais lidos naquele período.

Os últimos anos da vida de madame de Montespan foram entregues a uma penitência muito severa. Ela morreu em 27 de maio de 1707, com quase 67 anos, enquanto tomava as águas em Bourbon-l'Archambault para tentar curar uma doença. Apesar da tristeza, Luís XIV proibiu seus filhos de lamentar por ela.

Madame de Montespan e seus filhos / Crédito: Wikimedia Commons

Com o rei Sol, Francisca teve sete filhos: Luísa Francisca de Bourbon que morreu aos 2 anos de idade e não foi legitimada; Luís Augusto de Bourbon, Duque de Maine; Luís César de Bourbon, Conde de Vexin, que morreu aos 10 anos de idade; Luísa Francisca de Bourbon, que casou-se com Luís III, Príncipe de Condé; Luísa Maria Ana de Bourbon, que faleceu aos 6 anos; Francisca Maria de Bourbon, que se casou com Filipe II, Duque d'Orleães; e Luís Alexandre de Bourbon, Conde de Toulouse, que casou-se com Maria Vitória de Noailles.


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