No final do século 20, a abóbora chamou atenção por aparecer no topo da torre inacessível, no alto de 52 metros de altura
Publicado em 01/03/2023, às 18h00 - Atualizado em 14/04/2023, às 10h38
Em 8 de outubro de 1997, o campus da Universidade Cornell, em Nova York, tinha um dia previsto para aulas normais como qualquer terça-feira. Contudo, a torre McGraw, conhecida pela arquitetura antiga e tamanho que arranhava o céu, tinha um formato nada usual para seu topo, comumente triangular e pontiagudo.
Ao contrário da pirâmide que completava a edificação, a ponta da torre, no alto de seus 52 metros de comprimento, contava com um objeto redondo e na cor laranja, empalado bem no bico. O item misterioso foi suficiente para angariar a atenção de funcionários e alunos da instituição, que se reuniram ao redor da estrutura para tentar entender algumas questões.
Primeiro, havia de se compreender do que se tratava aquela esfera laranja; com o auxílio de câmeras com lentes teleobjetivas, foi possível decidir se aquilo era uma bola de basquete furada ou, simplesmente, uma abóbora. O legume foi o vencedor da indagação, restando outra dúvida ainda mais curiosa.
A tal abóbora, com cor nítida e disposta em um local de tão difícil acesso, seria verdadeira ou apenas uma reprodução? Além disso, como o vegetal pesado foi parar num local tão alto em uma época em que drones sequer existiam? Por fim, qual seria o motivo da peça? Com tais questões, a Universidade Cornell iniciou uma investigação que atraiu os olhares da imprensa local.
O jornal da própria faculdade produziu uma reportagem extensa sobre as pistas da pegadinha, mesmo que mínimas, criando uma espécie de afeto dos estudantes, que criaram uma série de brincadeiras sobre a tal abóbora.
Ainda naquele ano, um projeto experimental disponibilizou registros ao vivo da abóbora em um site educacional, fornecendo, através de uma webcam, 24 horas de imagens — na época em que a conexão de internet via banda-larga ainda iniciava sua popularização no território norte-americano.
Em janeiro de 1998, a abóbora sobreviveu a uma restauração na torre, sendo mantida firme na ponta, mesmo com andaimes ao redor que trataram de fortalecer a argamassa da estrutura centenária. Contudo, trabalhadores ao redor notaram que ela estava se deteriorando, levantando suspeitas de ser um fruto real.
Para comprovar, o então reitor da universidade, Don M. Randel, fez um concurso para alunos tentarem coletar informações sobre o objeto. Quatro graduandos de física foram responsáveis por montar um balão por controle remoto, regatando um pedaço da abóbora e a analisando em laboratório.
Com a amostra, eles conseguiram concluir não apenas que se tratava de uma moranga real, mas acrescentaram que sua conservação se deu pela ventilação que ele recebia, criando uma casca rígida que a secou naturalmente, podendo ficar por décadas na torre.
A conclusão não apenas motivou a faculdade a retirá-la, mas transformou a ocasião em um grande festejo, com camisetas de abóbora, sorvetes de abóbora sendo vendidos no campus e equipes de reportagem no local. A ocasião foi concluída com êxito em 13 de março de 1998, totalizando 158 dias da abóbora no topo da torre — sem ninguém nunca saber como ela foi parar lá.