Morto após planejar um atentado contra o czar, o revolucionário teve grande influência na vida do fundador da União Soviética
Isabela Barreiros Publicado em 23/09/2020, às 16h48
Lenin provavelmente é o membro mais conhecido da família Ulianov. No entanto, alguns de seus irmãos também tiveram papéis importantes na revolução que estava começando a ser instaurada na Rússia no século passado. Entre eles, estava Alexandre Ulyanov, que atuou de uma maneira diferente do teórico marxista no cenário em transformação.
Enquanto o principal fundador da União Soviética se tornou uma figura central para o Partido Comunista do país, até mesmo chefiando-o, Alexandre, também conhecido como Sasha, participava de uma facção terrorista que lutava pelos desejos do povo. A maior ação da Narodnaya Volya foi a tentativa de assassinato do czar Alexandre III.
O atentado deveria ocorrer em 1º de março de 1887. No entanto, naquele dia, três membros da organização acabaram sendo presos em São Petersburgo. Depois disso, a situação piorou ainda mais para o irmão mais velho de Lenin e seus aliados: eles foram sentenciados à forca.
Juventude
Nascido na cidade russa de Nizhny Novgorod em 1866, Alexandre foi um dos filho de Ilya Nikolayevich Ulyanov e Maria Alexandrovna Ulyanova, ambos professores. Além dele, vieram ainda mais cinco crianças, entre elas o conhecido revolucionário Lenin, Maria Ilyinichna e Anna Ulyanova, também ativas no movimento radical bolchevique.
Sasha formou-se na Universidade de Petersburgo em Ciências Naturais e Zoologia, mas a sua área já era outra logo na sua juventude. Naquele período, ele era responsável por distribuir panfletos e discursar para estudantes e trabalhadores, fazendo parte de grupos políticos e manifestações ilegais.
Foi apenas em 1886 que ele finalmente entrou em uma organização de intuitos revolucionários na Rússia que ainda vivia um regime monárquico. O jovem entrou na facção terrorista Vontade do Povo, também conhecida como Narodnaya Volya.
Durante esse período, o grupo tinha como principal intuito acabar com o czarismo da maneira mais drástica possível: assassinando seus membros. A ideia foi levada à cabo e, 1º de março de 1887, pouquíssimo tempo depois de Alexandre entrar oficialmente para a organização, eles decidiram colocá-la em prática.
Plano de assassinato do czar
Por mais que tivessem um plano audacioso, parece que o planejamento não foi o suficiente para colocá-lo em prática. Para o autor Philip Pomper, que investigou a história do personagem histórico e a escreveu no livro Lenin's Brother: The Origins of the October Revolution (Irmão de Lenin: As origens da Revolução de Outubro, em tradução livre), publicado em 2010, o grupo era muito amador.
No mesmo dia, três pessoas do Narodnaya Volya foram presas e, mais tarde, todo o grupo foi impedido pela vigilância policial de completar o plano. A consequência foi a mais dura possível: o czar Alexandre III, que seria a vítima do atentado, condenou-os a uma morte na forca.
No entanto, apenas cinco dos conspiradores foram assassinados de fato. Alguns foram libertos do destino fatal, mas outros não tiveram escapatória. E Alexander foi um dos que foram mortos, mesmo que sua mãe, Maria Alexandrovna, tivesse implorado ao monarca que o deixasse viver. Ele foi condenado à forca muito jovem.
“Sasha faz parte de uma história familiar que é uma espécie de família sagrada do marxismo russo. Como irmão de Lenin, como o elo da corrente que o levou à revolução, ele é uma figura muito importante”, afirmou Pomper.
Segundo o autor, irmão mais velho de Lenin foi muito importante para sua formação política como um pensador revolucionário que, mais tarde, fundaria a União Soviética. A influência de Alexander foi enorme no pensamento do marxista soviético.
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