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Matérias / Cinema

Veja como se originou a lenda mostrada em 'A Bruxa de Blair'

Pioneiro no found footage, 'A Bruxa de Blair' foi um fenômeno do terror no fim dos anos 90

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 21/09/2023, às 18h08 - Atualizado em 02/01/2024, às 12h59

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Cena de 'A Bruxa de Blair' (1999) - Reprodução/HBO Max/Artisan Entertainment
Cena de 'A Bruxa de Blair' (1999) - Reprodução/HBO Max/Artisan Entertainment

'A Bruxa de Blair' ('The Blair Witch Project', em inglês) é um filme de terror bastante conhecido, e não à toa: hoje considerado um clássico, foi um dos pioneiros no subgênero found footage — no formato de documentário —, sem mencionar que em seus pouco mais de 20 anos de trajetória tirou pelo menos uma noite de sono de inúmeras pessoas.

Dirigido por Eduardo Sánchez e Daniel Myrick — a estreia de ambos nas telonas —, o filme fora lançado no dia 30 de julho de 1999, e rapidamente se popularizou. A trama acompanha "um grupo de três jovens cineastas desaparece ao entrar em uma floresta de Maryland para gravar um documentário sobre uma lenda local. Anos depois, a câmera que usavam é encontrada", explica a sinopse.

Embora o elenco de 'A Bruxa de Blair' não conte com qualquer nome conhecido no elenco e na direção, e ainda seja um dos pioneiros do subgênero found footage, a razão para toda a popularidade alcançada pelo filme foi outra: a lenda criada durante a divulgação, graças às muitas pessoas que acreditaram que as gravações assistidas nas telonas fossem legítimas. Entenda!

'A Bruxa de Blair'

A base de toda a história do filme 'A Bruxa de Blair' é a lenda da criatura em si, que começa com Elly Kedward, uma residente da pequena vila de Blair em 1785. Como muito se sabe hoje sobre a inquisição e o quão injustos poderiam ser os julgamentos de mulheres suspeitas de cometer bruxaria, é possível simplificar todos os desenrolares da vida de Kedward: ela foi morta.

No entanto, no ano seguinte a esse evento, é dito que todos aqueles que a acusaram da vila de Blair, e metade das crianças residentes, desapareceram sem deixar quaisquer vestígios. Assim, a lenda da Bruxa de Blair surgiu. Eventualmente, todas as pessoas que ali viviam deixaram o local, e a vila deixou de existir, segundo o Screen Rant.

Isso foi até 1824, quando o local foi redescoberto e se tornou parte da cidade de Burkittsville. Mas, as aparições não deixariam de ocorrer: no ano seguinte, uma menina de 10 anos se afogou por ali, e algumas testemunhas relatariam ter visto uma mão branca fantasmagórica puxando-a para a água.

Sinais relativos à bruxa na floresta em 'A Bruxa de Blair' (1999)
Sinais relativos à bruxa na floresta em 'A Bruxa de Blair' (1999) / Crédito: Reprodução/HBO Max/Artisan Entertainment

Décadas depois, em 1886, outra garota, Robin Weaver, de 8 anos, teria se perdido na floresta onde outrora existia a vila de Blair, e encontrou uma senhora cujos pés "não tocavam o chão", que depois mataria toda uma equipe de busca. E em 1940, um homem alegaria ter recebido ordens do espírito de Kedward para matar mais um grupo de crianças. No entanto, vale enfatizar que a lenda foi criada para o filme. 

Formato inovador

Toda a lenda da Bruxa de Blair por si só seria suficiente para fazer um bom filme de terror convencional da época. Porém, Eduardo Sánchez e Daniel Myrick foram mais ousados, e tentaram fazer a produção em um formato diferente: o found footage.

Esse estilo, ao contrário do que muitos dizem, não foi criado pela dupla de diretores; na verdade, ele surgiu em meados da década de 1980. Ele consiste em um filme se passando por um documentário filmado com uma simples câmera, ou seja, a câmera também é o ponto de vista de um personagem o tempo inteiro — uma experiência diferente de imersão.

No entanto, Sánchez e Myrick foram importantes para a popularização do formato, e foi aí que 'A Bruxa de Blair' se tornou um fenômeno: a união de um formato documental, mesmo que nada ali retratado fosse verdade, com uma profunda e amedrontadora lenda ambientada nas florestas dos Estados Unidos.

Os diretores Eduardo Sánchez e Daniel Myrick em 2019
Os diretores Eduardo Sánchez e Daniel Myrick em 2019 / Crédito: Getty Images

Delírio coletivo

No filme, acompanha-se os três estudantes de cinema Heather Donahue, Michael C. Williams e Joshua Leonard — o nome verdadeiro dos atores, inclusive — que decidem se aventurar em Black Hills, nas redondezas de Burkittsville, para fazer um documentário sobre a lenda local da Bruxa de Blair. 

No entanto, para a infeliz surpresa do trio, eles acabam descobrindo que a lenda não era mentira, e começam a viver um completo pesadelo. Eventualmente, os três são dados como desaparecidos, e buscas encontraram somente a câmera dos jovens, e o que o público assistiu no cinema seriam as "filmagens recuperadas".

E foi assim que começou um grande delírio da época: muitos não entenderam que o filme é ficcional, devido ao seu formato documental, e por isso um número enorme de espectadores começaram a adentrar nas florestas de Black Hills, a fim de encontrar pistas sobre o fim que os três aspirantes a cineastas teriam tomado.

+ A Bruxa de Blair: Fatos bizarros sobre o icônico filme de terror

Por mais que a lenda da Bruxa de Blair não seja verdadeira, tendo surgido unicamente de um trabalho criativo de Sánchez e Myrick, foi capaz de convencer muita gente do contrário.

De qualquer forma, toda a junção inovadora de elementos que compõem 'A Bruxa de Blair' fazem dele um novo clássico do cinema e do terror, e consagrou assim sua própria lenda na cultura pop.