Com a promessa de manter o roteiro original que foi sucesso na Rede Manchete em 1990, a emissora já tem uma solução
Em 1990, a novela 'Pantanal' se tornava a líder de audiência durante sua transmissão original na extinta Rede Manchete, se popularizando com grandes revelações da dramaturgia, paisagens nunca antes vistas em telenovelas e, principalmente, por sua trama tipicamente brasileira, abordando crenças populares, fenômenos rurais e até mesmo os preconceitos da época.
Episódios de discriminação foram escancarados em passagens importantes do enredo; um deles é o momento onde o personagem José Leôncio, originalmente interpretado por Claudio Marzo, reencontra o filho Jove após 20 anos.
Loiro, de cabelos lisos e jogados sobre a testa, porte físico esguio e vestindo roupas compradas em regiões urbanas, o personagem interpretado na versão original por Marcos Winter foi alvo de recusa imediata do pai, que fazia intervenções homofóbicas sobre a criação e modo como o filho se comportava, mesmo sendo um rapaz heterossexual.
Ele ainda se tornou alvo de represálias da personagem Nalvinha, personificada por Flávia Monteiro em 1990, que era ex-namorada do protagonista. Ao descobrir que ele conheceu e estava apaixonado por Juma Marruá, eternizada pro Cristiana Oliveira, a ex-companheira espalha aos amigos do casal no Rio de Janeiro que ele era uma 'bichona louca'.
Apesar da promessa de refazer o roteiro original da obra de 1990 sem alterações no rumo dos personagens, a TV Globo avaliou a presença dos xingamentos homofóbicos na trama original e, de maneira a evitar o choque, cortou as passagens no remake.
Previsto para estrear no próximo dia 28 de março, o novo Jove, agora refeito pelo ator Jesuíta Barbosa, ainda sofrerá represálias, mas com adaptações, como apurou o colunista Gabriel Vaquer, do portal especializado Notícias da TV.
Os termos usados pelo pai e pela ex-namorada serão substituído por outros adjetivos negativos sem relação com homossexualidade, principalmente com o tratamento de José Leôncio, agora na pele do ator Marcos Palmeira. Este deve usar das diferenças culturais do período em que o filho morou no estado fluminense para fazer críticas ao seu comportamento.
Na apuração do colunista, ainda há um ponto a ser enaltecido; a trajetória do mordomo gay Zaqueu, onde Silvero Pereira reprisará o papel originalmente interpretado por João Alberto Pinheiro, ainda contará com preconceito, mas deverá deixar de ser um alívio cômico da trama e passará a ser defendido por pessoas de seu convívio ao invés de ser alvo de chacota.