No Dia Internacional da Visibilidade Trans, conheça a artista que consagrou-se como uma das mais importantes de sua área
Laerte Coutinho construiu sua carreira artística através de suas charges de tons satíricos, que abordam assuntos em discussão na sociedade, e não raramente expressam posicionamentos políticos.
A cartunista chegou a expor seus trabalhos em publicações brasileiras hoje extintas, como o jornal O Pasquim e a revista Chiclete com Banana. Já ao longo dos anos passou por diversos outros veículos grandes que permanecem em atividade, como a Veja, IstoÉ, Estadão e a Folha de São Paulo. Esse último, inclusive, passou anos publicando charges diárias da artista.
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No início de sua vida profissional, Laerte trabalhou fazendo ilustrações para o Sindicato dos Metalúrgicos, e posteriormente fundou uma agência especializada em produzir material que poderia ser usado por diversos sindicatos, a Oboré.
Foi então que passou a cultivar uma relação próxima com o jornalismo, produzindo charges e tirinhas que discutiam temas sintonizados com o período vivido, feitas para instigar reflexões mais profundas a respeito de assuntos relevantes.
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À medida que foi crescendo como artista, a artista lançou vários livros de compilações de seus trabalhos.
Além desses projetos, todavia, Laerte também fez colaborações com a Rede Globo, atuando como roteirista de programas humorísticos como o “Sai de Baixo” e consagrando-se como uma figura pública de relevância ainda maior.
De 2012 em diante, a artista ainda fez experimentações com o universo do cinema, atuando na curta-metragem premiada chamada “Vestido de Laerte”, e também contribuindo para o documentário “De Gravata e Unha Vermelha”, que aborda a realidade de transsexuais, travestis, transgêneros e crossdressers.
Laerte acabou passando pelo seu processo de auto-descoberta como uma mulher trans aos cinquenta anos de idade. E como era de se esperar, a transformação não passou despercebida para a sociedade brasileira.
Essa mudança acabou tornando a artista alvo de muitos questionamentos, e nem todos eles eram muito delicados. Na época, a conscientização sobre o que era a transsexualidade ainda estava dando seus primeiros passos na sociedade brasileira, de forma que o assunto ainda gerava muita confusão e era cercado de preconceitos mais fortes que os atuais.
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"Não sou mulher, sou uma pessoa trans. Tenho essa vivência no feminino, mas não sou uma mulher. Inclusive, isso é objeto de alguma hostilidade, como se eu existisse pretendendo ser reconhecido como alguém '100% mulher', coisa que não existe. Me apresento como uma pessoa transgênero, uma mulher trans”,comentou a artista para o Estadão em 2017, concluindo ainda que: “Não tenho problema em ser pai, não tenho problema em ser avô também, e sou uma mulher trans”.
Já em 2017, foi lançado o documentário “Laerte-se”, centrado na descoberta da cartunista como uma mulher transsexual e seu cotidiano desde então, com a direção de Eliane Brum e Lygia Barbos. A produção está disponível na Netflix.