Em 2006, um trágico acidente durante um salto de paraquedas movimentou a mídia com desdobramentos infames
Em 2006, com 26 anos, Els Clottemans era um dos elos do triângulo amoroso de Marcel Somers. Além de Els, ele também se relacionava com Els Van Doren. O trio se conhecia do mesmo clube de paraquedismo e, segundo Clottemans, as duas eram amigas próximas. “[Doren] é a única pessoa que me conhecia”, lembra ao falar da amiga.
Entretanto, apesar demonstração de afeto, ela conta que sempre soubre que “era a 'número 2' para Marcel e que a amiga era a 'número 1'... Não tinha problemas com isso na época, tinha uma imagem tão ruim de mim mesma que só podia imaginar ser a segunda opção de alguém”.
Foi justamente por esse motivo que Els Clottemans foi acusada de causar a morte da ‘amiga’ naquele ano. Pensando nisso, o site Aventuras na História decidiu recuperar a história da mulher que ficou conhecida como a “Assassina do Paraquedas”:
Tragédia
Em 18 de novembro, 12 membros do clube de paraquedismo sobrevoavam a cidade belga de Flanders para um salto em equipe. Entre eles, Van Doren, Somers, Clottemans e outro rapaz, que formariam um quarteto para o ato.
Entretanto, na hora de abrir seu paraquedas, Van Doren viu seu equipamento falhar. Todo seu salto foi registrado por uma câmera presa em seu capacete. O vídeo mostra os momentos de desespero no ar.
Pulando de uma altura de mais de 3.200 pés, algo em torno 1.000 metros, Els ainda tentou acionar o paraquedas reserva. Entretanto, o mesmo também falhou e ela ficou solta em queda livre.
“Ela tentou de tudo”, disse à TV belga Luc Deijgers, piloto do avião de onde pularam os passageiros, todos paraquedistas experientes. “Ela tentou acionar o paraquedas reserva, que não abriu. Isso nunca acontece”, disse.
Como consequência, a paraquedista só teve seu desespero cessado quando caiu em um jardim na vila de Opglabbeek. A polícia descartou a hipótese do suicídio, já que a gravação mostra a mulher lutando a cada segundo para se salvar.
A acusação
Após o suposto acidente, Els Clottemans passou a ser investigada. O que gerou grande desconfiança sobre ela foram os acontecimentos das noites anteriores. Em 16 de novembro, Clottemans apareceu no meio da noite na casa de Somer.
Porém, naquela ocasião, ele já estava acompanhado de Van Doren. Mesmo assim, ela passou a noite no sofá da casa. Segundo a polícia, aquela teria sido a oportunidade que precisava para sabotar o equipamento da rival, o que colocaria um ponto final na disputa por atenção.
A denúncia diz que Els precisaria apenas de 30 segundos para cortar os cabos do paraquedas com uma tesoura. Outro ponto que chamou a atenção é que, no momento do salto, ela não pulou junto ao trio, permanecendo no avião por alguns segundos extras.
O julgamento
Apesar do tribunal não apresentar qualquer evidência concreta — como uma confissão, relatos de testemunhas, o algo do tipo — ou direta — como amostras de DNA, por exemplo — Clottemans acabou sendo indiciada e foi até julgamento popular em 2010.
O tribunal concluiu que Els era a única suspeita com um motivo, pois ela não suportava ficar em segundo lugar na vida de Somers, já que ele estava mais interessado na aventura que teve com Van Doren. Eles também basearam a decisão em relatórios psiquiátricos e no comportamento estranho que a mulher teve durante o “salto fatal”.
Assim, em 22 de outubro de 2010, Els Clottemans foi condenada a 30 anos de prisão. Apesar de muitos apelarem para ela ser presa perpetuamente, o juiz considerou “sua debilidade psicológica” uma circunstância atenuante para o veredito.
Além do mais, a lei belga permite que um réu possa entrar com pedido de liberdade condicional após cumprir um terço da sentença.
Depois de passar oito anos presa, onde demonstrou ter um bom comportamento, a mulher obteve sua primeira licença para deixar o cárcere por três horas para buscar orientação psiquiátrica, que é “o primeiro passo necessário para a reintegração na sociedade”. Entretanto, apesar do tratamento, ela ainda permanece presa.
Em novembro de 2019, o Brussels Times relatou que ela fez um 'pedido de detenção limitada', permitindo que pudesse deixar a cadeia durante certo período do dia para participar de um curso.
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