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Matérias / Bebê Rena

Bebê Rena: Entenda a polêmica em torno da série que chama atenção no Emmy

Uma das séries com mais indicações no Emmy, que acontece neste domingo, 15, Bebê Rena se baseia em uma polêmica história real

por Thiago Lincolins
[email protected]

Publicado em 15/09/2024, às 20h34

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Martha de Bebê Rena (à esqu.) e Fiona Harvey (à dir.) - Reprodução/Vídeo/Youtube
Martha de Bebê Rena (à esqu.) e Fiona Harvey (à dir.) - Reprodução/Vídeo/Youtube

A série "Bebê Rena", produção original da Netflix, é um dos destaques do Emmy, premiação tradicional dos EUA que ocorre neste domingo, 15. Baseada em uma surpreendente história real, a produção acumula 11 nomeações.

Os episódios são inspirados nas experiências do criador Richard Gadd, e aborda temas delicados como perseguição e abuso sexual, despertando um fervoroso debate público.

Na narrativa, Gadd interpreta Donny Dunn, um personagem que desenvolve uma complexa relação com Martha, uma mulher mais velha interpretada por Jessica Gunning.

Perseguição

A personagem Martha é retratada de forma multifacetada: obsessiva e desequilibrada, ela envia milhares de e-mails e horas de mensagens de voz a Donny.

Na vida real, repercutiu a Forbes, a perseguidora em questão enviou 41.071 e-mails, 744 tweets, 108 páginas de cartas, 46 mensagens através do Facebook e 350 horas de mensagens de voz. Gadd chegou a receber "mimos", como uma rena de brinquedo, um casaco de lã, cueca, chapéu e comprimidos para dormir.

Richard Gadd em "Bebê Rena" - Divulgação/Netflix

Richard afirmou que seu objetivo com a série era transmitir a "verdade emocional" de suas vivências, ao invés de apresentar um relato factual. Essa abordagem, no entanto, não impediu que detetives da internet tentassem identificar as pessoas reais por trás dos personagens fictícios.

Tais investigações culminaram na identificação pública de Fiona Harvey como a possível inspiração para Martha, embora a série não tenha utilizado os verdadeiros nomes das pessoas que inspiraram "Bebê Rena".

O que disse Harvey?

Fiona Harvey, após a repercussão da série nas redes sociais, manifestou-se em entrevistas. Ela, inclusive, forneceu respostas inconsistentes sobre sua relação com Gadd e negou as acusações de perseguição. 

Ao DailyMail, a mulher alegou que a intenção do comediante era "intimidar uma mulher mais velha na televisão por fama e fortuna". Também alegou ter recebido "ameaças de morte e abusos online" dos apoiadores de Gadd.

"Ele está usando 'Bebê Rena' para me perseguir agora", afirmou Fiona. "Eu sou a vítima. Ele escreveu um maldito programa sobre mim".

Cena da série 'Bebê Rena' - Divulgação / Netflix

Com a repercussão da série, Harvey exige uma indenização de US$ 170 milhões (aproximadamente R$ 890 milhões). Segundo repercutido pelo site da revista Rolling Stone, via Variety, Harvey alega que a Netflix cometeu difamação, sofrimento emocional intencional, negligência e violações de seu direito à privacidade. Também disse que “Bebê Rena” apresenta “mentiras brutais” sobre sua trajetória, como a afirmação de que ela foi presa.

"As mentiras que os réus contaram sobre Harvey a mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo incluem que Harvey é uma perseguidora condenada duas vezes e sentenciada a cinco anos de prisão, e que Harvey agrediu sexualmente Gadd. Os réus contaram essas mentiras e nunca pararam, porque era uma história melhor do que a verdade, e histórias melhores davam dinheiro", diz a denúncia. 

Efeito positivo

Vale destacar, entretanto, que as repercussões da série vão além das polêmicas. Organizações como a National Stalking Helpline observaram um aumento significativo no número de vítimas buscando ajuda desde o lançamento de "Bebê Rena".

Tallulah Belassie-Page, representante da linha de ajuda, creditou à série o aumento da conscientização sobre os crimes de perseguição, especialmente entre homens.

Da mesma forma, a instituição "We Are Survivors", dedicada a vítimas masculinas de agressão sexual, relatou um crescimento expressivo em contatos iniciais desde que "Bebê Rena" foi ao ar. Muitos dos que procuraram auxílio mencionaram a série como um catalisador para buscar apoio.