Comentando sobre data limite e homossexualidade, o médium não se esquivou de nenhuma pergunta e protagonizou um dos momentos de maior audiência da televisão brasileira no 'Pinga-Fogo'
Em 8 de julho de 1927, Chico Xavier sentiu seu ‘poder’ manifestar. Naquela reunião pública, com apenas 17 anos, o médium psicografou pela primeira vez. Ali começou a atividade que exerceria pelo resto da vida e que atrairia a atenção de todos, não importasse qual fosse a religião.
Chico, que ficara órfão de mãe ainda muito novo, passou a viver com a madrinha, que o mal tratava. Ainda criança teria ouvido vozes de anjos enviados pela progenitora para lhe proteger. Embora não soubesse muito sobre mediunidade ou espiritismo, o pequeno abraçou o privilégio e tentou desenvolver a habilidade ao longo dos anos.
Começou ganhando atenção por onde morava, em cidades pequenas de Minas Gerais. Anos mais tarde, teve o primeiro contato com Emmanuel, seu mentor espiritual que o acompanhava por onde quer que fosse.
Com a fama crescendo, mudou-se para o município mineiro de Uberaba, no fim da década de 1950. Naquele momento já havia psicografado mais de 50 livros e motivava pessoas de todo o Brasil a viajarem em busca de um contato com um familiar falecido.
Assim teve início suas reuniões na Comunhão Espírita Cristã, que contava com atividades mediúnicas e atendimento aos admiradores e seguidores do espiritismo. Em paralelo, o trabalho com pessoas mais vulneráveis ganhava força, Xavier jamais quis dinheiro e doava grande parte do que tinha para quem mais precisava.
Até aquele momento, no entanto, Chico se manteve longe da mídia, mesmo que sua reputação estivesse crescendo pelos mais diversos lugares. Com receio de ser mal entendido ou da desconfiança que seu ‘poder’ gerava, o médium preferia evitar entrevistas e contatos com jornalistas.
Isso mudou em 1971, quando Xavier aceitou participar do programa Pinga-Fogo, um dos mais relevantes da extinta TV Tupi. A entrevista foi ao ar em 28 de julho daquele ano, e marcou uma das transmissões de maior audiência da História brasileira, com 75% da população da época sintonizada no canal 4.
A entrevista contou com uma plateia de telespectadores das mais diferentes religiões, além de perguntas sendo feitas pelos mais importantes jornalistas do período em que o regime militar assombrava o país.
“O maior e o mais discutido médium brasileiro deste século, na opinião dos seus críticos e dos seus biógrafos”, introduziu o jornalista Almir Guimarães. Pelas duas horas seguintes, o homem foi responsável por mediar os questionamentos direcionados ao líder espiritual.
Enfatizando que sua fama atravessava as fronteiras nacionais, Guimarães logo no começo mencionou que Chico era conhecido “aqui e no exterior”, como EUA, Inglaterra, França, Itália, Portugal e Espanha.
Todos estavam ansiosos para assistir Chico Xavier, os assuntos foram diversos, passando por temas como aborto, sexo, reencarnação, catolicismo, e até mesmo homossexualidade. Os tabus eram os mais esperados para serem comentados pelo médium, que não desviou de nenhuma questão.
“O homossexualismo, assim como o bissexualismo, são condições da alma humana. Não devem ser interpretados como fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade. Acreditamos que o comportamento sexual da humanidade sofrerá revisões muito grandes”, disse Xavier. Vale lembrar que na época a homossexualidade era tratada como ‘homossexualismo’, termo que não é mais usado nos dias atuais.
Outro ponto de destaque na conversa foi a menção de Chico sobre a Data Limite, teoria bastante discutida sobre eventos caóticos que levariam a tempos de renovação mundial, dando início a uma nova realidade social.
“Segundo a imposição do Cristo, as nações mais desenvolvidas e responsáveis da Terra deveriam aprender a se suportarem umas às outras, respeitando as diferenças entre si, abstendo-se de se lançarem a uma guerra de extermínio nuclear. A face da Terra deveria evitar a todo custo a chamada III Guerra Mundial”, teria previsto Chico.
Ainda que não tenha especificado a data exata da Data Limite, Xavier afirma no Pinga-Fogo que o “próximo milênio” prometeria “maravilhas”, mas isso apenas se os humanos forem capazes de manter a paz e suportarem uns aos outros.
A entrevista foi de tamanho sucesso que, em dezembro de 1971, pouco antes do Natal, Chico concedeu outra participação no Pinga-Fogo, novamente de grande sucesso de audiência.
Seu ‘poder’, ainda que jamais tenha sido provado, foi o suficiente para eternizá-lo na História do espiritismo, sendo um dos mais importantes expoentes da religião no Brasil.
Até sua morte, aos 92 anos, o médium previu. Para seus amigos íntimos, Xavier teria afirmado que partiria em um dia feliz. Naquele 30 de junho de 2002, o Brasil festejava a vitória da seleção de futebol da Copa do Mundo.
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