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Matérias / Música

68 anos do White Album: Como o disco dos Beatles se tornou isca para os crimes de Manson

A faixa 'Helter Skelter' não foi uma das mais famosas, mas se tornou um hino para a seita que assassinou a atriz Sharon Tate em 1969

Wallacy Ferrari Publicado em 22/11/2020, às 09h00 - Atualizado às 11h00

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Capa alternativa do White Albumem montagem com mugshot de Charles Manson - Divulgação
Capa alternativa do White Albumem montagem com mugshot de Charles Manson - Divulgação

No auge criativo dos Beatles, Paul McCartney buscava novas inspirações para trazer os melhores sons possíveis em futuras composições. Entre as sondagens, o inglês acompanhou o The Who, banda de Pete Townshend, que emergia como um som mais progressivo e agressivo em relação ao que os garotos de Liverpool apresentavam.

O estopim para Paul seria uma entrevista de Pete, concedida em 1967, afirmando que o single "I Can See for Miles" era o som mais barulhento, cru e sujo que já havia sido gravado. A afirmação foi suficiente para McCartney entender como um desafio, compondo semanas depois o rock "Helter Skelter", que era basicamente uma sequência de sons barulhentos e guitarradas lotadas de distorção, além dos gritos e fala rápida nos vocais.

Em 22 de novembro de 1968, o ‘White Album’ era lançado com aclamação, sendo considerado um dos trabalhos mais sérios do conjunto, principalmente pelos sucessos ‘While My Guitar Gently Weeps’, ‘Revolution’ e ‘Blackbird’. A composição barulhenta de apenas três acordes, no entanto, acabou sendo uma das poucas canções do disco com pouca reprodução nas rádios — mas foi capaz de causar uma grande comoção em um rapaz americano em específico: Charles Manson.

Capa do single promocional contendo Helter Skelter como faixa principal / Crédito: Wikimedia Commons

De som a seita

Na época com 30 anos e recém-saído da prisão, o aspirante a músico Charles Manson teve a oportunidade de ouvir o White Album.

Pela interpretação do estadunidense, diversas faixas do disco formavam uma mensagem codificada que, quando compreendida corretamente, formava uma profecia de guerra apocalíptica, onde os brancos seriam manobrados para exterminar uns aos outros para decidir o que seria feito com a população negra — que se aliaria e seria capaz de governar os Estados Unidos.

A cereja do bolo seria a música "Helter Skelter", termo que nomeou a seita instaurada em um deserto na Califórnia. Com o culto, Manson conseguiu convencer uma legião de seguidores a cometerem crimes relacionados a essa filosofia. Escolhendo vítimas e as descrevendo como “porcos” e “separatistas”, o culto foi responsável pelos assassinatos do caso Tate-LaBianca, inclusive escrevendo em móveis o título da música, incorretamente, com o sangue das vítimas.

Condenados e amplamente noticiados pela imprensa americana, os assassinatos quase foram responsáveis por um relançamento do single de “Helter Skelter” em 1969, sendo cancelado pela Capitol Records pela possibilidade de obter uma recepção negativa ao se promover com o trágico caso. A família Manson, por sua vez, perdurou agindo até 1975, com fanáticos atribuindo crimes ao líder.

As palavras "Helter Skelter" escritas incorretamente com sangue por membros da seita / Crédito: Divulgação

O que acharam os músicos

Alguns membros da banda fizeram questão de se pronunciar de imediato, manifestando a desprezo pela ligação no caso. Um dos primeiros foi George Harrison, decepcionado com a interpretação da obra: "Os Beatles eram atuais e a principal coisa sobre a qual se falava no mundo, então todo mundo se apegou a nós, fosse nossa culpa ou não. Foi perturbador estar associado a algo tão desprezível como Charles Manson”, como noticiou a Rolling Stone.

Em uma das últimas entrevistas em vida, concedida ao jornalista David Sheff, John Lennon exemplificou que existiam fãs da banda que realmente tinham um comportamento semelhante ao do líder da seita: “Todas aquelas coisas do Manson foram construídas em torno da música de George sobre porcos [Piggies] e esta [Helter Skelter]. A música de Paul é sobre um parque de diversões inglês. Não tem nada a ver com nada, muito menos a ver comigo”

Em sua biografia autorizada de 1997, Many Years from Now, Paul McCartney, compositor dos arranjos e da letra, concluiu que, "infelizmente, isso inspirou as pessoas a fazerem atos malignos" e que a música tinha adquirido "todos os tipos de tons sinistros porque Manson escolheu isso como um hino”.


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