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Matérias / Napoleão Bonaparte

18 de Brumário: Veja como foi o Golpe de Estado de Napoleão para chegar ao poder

Napoleão Bonaparte liderou Golpe que pôs fim ao Diretório e iniciou o período do Consulado na França

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 31/10/2023, às 18h00 - Atualizado em 23/11/2023, às 10h48

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General Bonaparte: Retrato e ficção - Domínio Público e Divulgação
General Bonaparte: Retrato e ficção - Domínio Público e Divulgação

Chegou aos cinemas brasileiros o filme 'Napoleão'. Dirigido por Ridley Scott e protagonizado por Joaquin Phoenix, o longa contará a trajetória do complexo líder político e militar francês

"O filme é um olhar original e pessoal sobre as origens de Napoleão Bonaparte e sua rápida e implacável ascensão a imperador, visto através do prisma de seu relacionamento visceral e muitas vezes volátil com sua esposa e verdadeiro amor, Josephine", aponta a sinopse.

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Figura emblemática da história mundial, Napoleão Bonaparte foi um dos maiores comandantes de todos os tempos. Com sua rápida ascensão impulsionada na Revolução Francesa, deixou um legado que promoveu impactos na política de seu país e na sociedade europeia.

Notável estrategista e ambicioso conquistador, Napoleão foi responsável por campanhas que varreram o continente. "Quem teme ser vencido tem a certeza da derrota", já dizia. Líder autoritário, reformou as instituições da França, mas acabou sucumbindo graças a sua ambição pelo poder.

Mas o que nem todos sabem é que o estadista só chegou ao poder graças a um Golpe de Estado. Conheça o que foi o 18 de Brumário!

Ascensão ao poder

Na tentativa de enfraquecer o Império Britânico, um dos principais rivais da França na época, Napoleão Bonaparte organizou uma expedição militar ao Egito, iniciada em julho de 1798. Embora tenha conquistado Malta e derrotado os exércitos otomanos no país, o francês sofreu um duro golpe durante a Batalha do Nilo, quando foi superado pelo almirante Nelson. Além disso, sua tropa também foi atingida por um surto de peste bubônica.

Ainda quando estava no Egito, Napoleão era informado sobre a situação da França, que no final dos anos 1790 vivia um período de instabilidade e crise econômica impulsionada por uma série de derrotas na Guerra da Segunda Coalizão. O Diretório também sofria uma onda de críticas, sendo taxado não só de ineficaz, como também de impopular e corrupto. O país passou a ser tomado por uma vontade de que uma liderança autoritária controlasse a nação e colocasse as rédeas no lugar.

Saudado como herói em seu retorno à França, Bonaparte aproveitou deste momento para articular um Golpe de Estado e derrubar o Diretório. Através de alianças políticas, em 9 de novembro de 1799, realizou o Golpe do 18 de Brumário.

Napoleão Bonaparte/ Crédito: Domínio Público

"As causas do Golpe devem ser buscadas na própria instabilidade provada pela Revolução em si. Dada a dificuldade de uma das classes — ou fração de classe — assumir a hegemonia política e controlar o aparato estatal, no caso, o Diretório, a Revolução corria o risco de retrocessos", explica Celso Ramos, historiador e professor da Universidade Estácio em entrevista ao Aventuras.

A ameaça dos reacionários monarquistas era grande e, para agravar a situação, no cenário externo havia se formado a Segunda Coalizão (Inglaterra, Rússia, Portugal, Império Otomano, dentre outras monarquias) que pressionava as fronteiras", contextualiza.

Assim, aponta o docente, Napoleão já era um prestigiado General e estava certo de que não sofreria resistência por outros militares. Ele liderou o Golpe de Estado que pôs fim ao Diretório e iniciou o período do Consulado — nome dado visto que a França passou a ser liderada por três cônsules: Napoleão era o primeiro cônsul e a figura mais importante deles. Os outros dois, que agiam mais como 'vozes consultivas', foram Emmanuel Joseph Sieyès e Roger Ducos, que haviam ajudado Bonaparte a articular o Golpe.

18 de Brumário

À época, o Golpe de Estado ganhou o nome de Golpe de 18 de Brumário por ter ocorrido no mês de Brumário. Conforme explica Celso Ramos, a França passou a adotar o calendário revolucionário que foi criado pela Convenção — equivalente à assembleia revolucionária — em 1792.

O calendário revolucionário foi criado para substituir o calendário anterior, de origem católica e para reforçar a ideia de que a Revolução de 1789 correspondia a uma nova era. Todos os meses passaram a ter nomes de eventos naturais; o Brumário refere-se ao mês das brumas, o Vendemiário, por exemplo, ao mês das vindimas", explica.

Desta forma, o mês "Brumário" se estendia entre os dias 22 de outubro e 20 de novembro. No calendário revolucionário, o Golpe aconteceu no dia 18 de Brumário — que representa o dia 9 de novembro de 1799 (mesma data que marca o fim da Revolução Francesa). O calendário revolucionário só foi revogado por Napoleão no final de 1805, aponta o docente.