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Colunas / Paulo Rezzutti / Brasil Império

Não abriam portas: A curiosa história das chaves da corte do Brasil Império

Exposição "Símbolos do Poder - Colônia, Reino e Império", em SP, apresenta coleção de chaves do período imperial que carregam um simbolismo histórico

Luiza Lopes Publicado em 17/07/2024, às 18h00 - Atualizado em 19/07/2024, às 18h08

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Chaves do período imperial - Arquivo pessoal
Chaves do período imperial - Arquivo pessoal

A exposição "Símbolos do Poder - Colônia, Reino e Império", na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, em São Paulo, conta com uma coleção impressionante de peças históricas que pertenceram à família imperial brasileira, incluindo itens com mais de 200 anos. 

Entre os diversos objetos apresentados, destacam-se as chaves do período imperial, que carregam simbolismo histórico. 

Conforme o pesquisador e escritor Paulo Rezzutti, essas chaves eram usadas por oficiais palacianos e serviam como símbolo de acesso e proximidade ao poder

"Conforme você tem uma posição mais próxima do poder, você tem mais influência. Então essa chave abria portas de maneira figurativa, porque você estava próximo ao soberano", conta o autor de "D. Pedro II – A história não contada" em entrevista exclusiva à Aventuras na História.

Na corte, nobres e fidalgos prestavam serviços ao monarca, no entanto, não eram contratados pela Casa Imperial, explica a exposição. Com funções específicas, essas pessoas atuavam como camaristas, veadores e até mesmo guarda-roupas, ou seja, aqueles que ajudavam os soberanos com as roupas e até mesmo a se vestir. Assim, entraram para a História como "semanários do paço", pelo trabalho prestado ao imperador. 

Chaves do período imperial possuíam sentido figurativo - Arquivo pessoal

Como resultado, possuir uma das chaves significava ter a permissão para entrar nas áreas mais íntimas e restritas dos palácios, facilitando a comunicação e a influência direta ao soberano.

Divisão hierárquica

Rezzutti ressalta que as chaves também eram hierarquicamente diferenciadas por cores e períodos.

Você tem diferença de período, primeiro Reinado para segundo Reinado, e também você tem a cor da chave. Isso também determinava a posição, não de onde aquela pessoa conseguiria chegar, mas da posição dela sob outras pessoas que também tinham a chave. Então é tudo hierarquicamente dividido", explica. 

Isso demonstra a complexa estrutura de poder e influência na corte imperial, na qual a proximidade ao soberano poderia abrir portas, tanto literal quanto figurativamente, para solicitações e favores.

Representações do poder

Além das chaves, a exposição também apresenta uma variedade de símbolos do poder monárquico, como comendas, efígies, brasões, medalhas e porcelanas.

Esses artefatos não apenas indicavam a posse ou autoridade, mas também eram usados para mostrar status e prestígio.

Uma moeda acaba se transformando em um colar, porque tem o símbolo imperial; o rosto do imperador vira parte de uma joia, e assim por diante. E os pratos, a parte de porcelana, se transforma também em uma representação de poder", diz o historiador.

Sobre a exposição

Com curadoria de Rezzutti, a mostra "Símbolos do Poder - Colônia, Reino e Império" oferece aos visitantes uma oportunidade única de explorar como esses símbolos foram reinterpretados ao longo do tempo. 

Além disso, é possível entender como representavam a autoridade e a influência no Brasil desde o período de d. Maria I, primeira monarca reinante a vir para o Brasil, até d. Pedro II, imperador cujo bicentenário será celebrado em 2025.

A linguagem visual é uma das mais importantes formas de comunicação. Ao longo dos séculos, brasões, sinetes, medalhas e outros símbolos mostravam a quem pertencia uma propriedade, uma espada, um anel, uma porcelana ou até mesmo um império", afirma o historiador. 

Assim, para Rezzutti, a exposição tem o intuito de "mostrar como que os símbolos de brasões, de monogramas, como isso eram apropriados pelas pessoas, ou pelo próprio Estado Nacional, e como isso virava uma representação de poder".

Além das peças históricas, a exposição apresenta painéis que detalham curiosidades sobre a origem dos títulos de nobreza, o último baile do império e as diversas medalhas militares criadas durante conflitos como a Guerra do Paraguai e a Guerra da Cisplatina.

"Não há outro local em São Paulo que tenha tantas peças do período imperial reunidas, inclusive itens que pertenceram à família real", ressalta. 

A mostra está aberta ao público até março de 2025, de terça-feira a domingo, das 10h às 17h30. Os ingressos custam R$ 30, com meia-entrada para estudantes e maiores de 60 anos. Às terças-feiras, a entrada é gratuita. Visitas guiadas devem ser agendadas pelo telefone ou WhatsApp (11) 91433-4685.