Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Vírus

Vírus ‘matador de machos’ é descoberto por acaso no Japão

Pesquisadores encontraram vírus hereditário em lagarta que mata homens e cria gerações só de mulheres; entenda!

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
[email protected]

Publicado em 09/11/2023, às 14h06 - Atualizado em 11/11/2023, às 11h12

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Lagarta do tabaco - Daniel Schwen via Wikimedia Commons
Lagarta do tabaco - Daniel Schwen via Wikimedia Commons

Em um laboratório da Universidade Minami Kyushu, no Japão, pesquisadores fizeram uma descoberta por acaso: um vírus hereditário que mata os homens e cria gerações só de mulheres

Tudo começou quando cientistas passaram a observar lagartas verdes (popularmente conhecidas como lagartas do tabaco), que geralmente são usadas para alimentar outros insetos. "Foi quase um milagre eles não terem ido parar ao lixo", contou o fisiologista Yoshinori Shintani.

Dias depois, ao se lembrar delas, Shintani notou uma população de 50 mariposas adultas, todas fêmeas. O fisiologista pegou as fêmeas e as cruzou com machos que voavam em torno da luz de sua casa. 

+ Rãs fêmeas se ‘fingem de mortas’ para evitar reprodução, aponta estudo

Curiosamente, as mariposas que estavam na estufam só tiveram filhas — o mesmo ia acontecendo nas demais gerações. Ao todo, das 13 gerações de descendentes, apenas três tiveram machos. 

Como resultado, Yoshinori Shintani e seu colega Daisuke Kageyama, pesquisador da Organização Nacional de Investigação Agrícola e Alimentar do Japão, constaram que estavam diante de um "assassino de homens". 

O vírus 

A descoberta foi descrita em um estudo publicado nesta semana no The Proceedings of the National Academies of Sciences. Como consequência, a evidência poderá, um dia, contribuir para o controle de populações de insetos-praga e vetores de doenças como os mosquitos.

Até então, os cientistas já sabiam que os caroneiros microbianos se fixavam no citoplasma gelatinoso das células dos insetos. Assim, em um processo que ainda não é bem entendido, esses micróbios eram transmitidos de mãe para filhos — interferindo na reprodução do hospedeiro. 

Os machos são inúteis porque não podem ajudar a propagar o micróbio", explicou Kageyama. Assim, o simbionte os elimina. 

A bactéria Wolbachia consegue impedir o nascimento de borboletas macho, matando-os durante seu desenvolvimento, antes mesmo de eclodirem — o que reduz não só a competição pelas fêmeas como servem de alimentos para elas. 

Segundo aponta o jornal O Globo, essa análise constatou detalhes do vírus, mas diferente de qualquer outro já visto. Até então, apenas dois vírus "matadores de homens" haviam sido documentados. O encontrado pelos japoneses, chamado de SlMKV, pode ter evoluído de maneira separada; o que pode evidenciar que eles são mais comuns do que se imagina.