As imagens, divulgadas em 2019 pela CIA, foram tiradas entre as década de 1950 e 1960 e auxiliaram no reconhecimento de tocas de marmota
Imagens capturadas durante a Guerra Fria pelos Estados Unidos como um projeto de mapeamento de regiões na Ásia Central se tornaram públicas no ano passado pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA). Descontinuado em 1996, o projeto Corona capturou diversas fotos em sobrevoos com aviões U2 em diversos pontos do Oriente Médio, como o rio Nilo e a cidade de Allepo, na Síria.
Porém, uma equipe de pesquisadores da Universidade Humboldt de Berlim aproveitou as inesperadas imagens para auxiliar em um estudo comparativo sobre a agricultura local no Casquistão. Ao notar que uma região de 23 mil milhas quadradas havia sido fotografada pelos americanos, a equipe tratou de relacionar com imagens recentes para obter informações sobre o impacto da fauna no local.
As fotos de satélite revelaram uma queda de 14% nas tocas de marmota da espécie bobak, entre a data das fotografias na região, tiradas entre 1968 e 1969, e 2017. A comparação mostra a expansão do alcance dos agricultores, violando o habitat natural da espécie-chave. Nas fotografias da publicação, uma relação, feita com círculos amarelos, mostra a diminuição dos buracos de abrigo dos animais.
Em entrevista à New Scientist, Catalina Munteanu, principal autora do estudo, explicou a surpresa em relação a forma que os bichos mantiveram os abrigos mesmo com a intervenção humana: "Fiquei realmente surpresa ao descobrir que as marmotas estavam usando exatamente as mesmas tocas por meio século!".