Pesquisa realizada em territórios do Novo México mostrou como o urânio usado na fabricação de bombas ainda atinge a população local
Na Segunda Guerra, o Novo México sofreu com testes precursores do que seria a tensão nuclear da Guerra Fria, como o primeiro teste da Bomba e, depois, a mineração de urânio na região. Acontece que, até hoje, isso tem efeitos devastadores entre a população local, principalmente os navajos.
Um estudo da Universidade do Novo México, divulgado pela Associated Press, confirmou que mulheres e crianças navajos continuam expostos a altos índices de radiação, numa proporção de 26% de ocorrência em altas doses fixadas no corpo.
A descoberta foi inicialmente divulgada num congresso em Albuquerque, com a organização de Tom Udall, Deb Haaland e Ben Ray Lujan e presença de mineradores prejudicados pela radiação. Haaland, da nação Laguna Pueblo, afirmou que "isso nos obriga a reconhecer os prejuízos conhecidos associados a uma sociedade nuclear avançada".
A elucidação dos ocorridos é parte de um esforço feito pelo governo dos EUA, de limpar as antigas minas de urânio em território navajo e analisar os possíveis efeitos do contato populacional com o minério. A região era explorada pela iniciativa privada na Guerra Fria e, desde então, segundo relatório da NPR, dezenas de navajos morreram em decorrência de câncer e insuficiência renal.
"Quando eles faziam a mineração, havia essas piscinas que se enchiam. E todas as crianças nadavam nelas. Meu pai também. Não apenas isso, o gado dos navajos também bebia dessas piscinas contaminadas”, relata a pesquisadora navajo Maria Welch. Desde o fim da Guerra Fria, há um movimento de abandono dessas minas, que durou até a desativação total nos anos 1990.